A base governista do governo Lula está muito satisfeita com a nova crise envolvendo Bolsonaro . O entendimento é que a mídia e o Congresso estarão ligados no episódio e terão pouco espaço para falar da CPMI do 8 de janeiro e também da CPI do MST.
Na avaliação de aliados do atual presidente, o Planalto tinha perdido a narrativa na guerra política e os crimes de Bolsonaro se tornaram coadjuvantes nos últimos dias. Com o novo escândalo, agora o foco retorna ao ex-presidente, jogando para escanteio as comissões.
Além disso, a base governista tem comentado em Brasília que o episódio é o atestado de que o ex-presidente da República cometeu crimes enquanto governava o Brasil. A explicação é que os casos das joias e a falsificação do cartão de vacinação são mais fáceis de serem compreendidas pela população do que as rachadinhas.
Há muita expectativa no Planalto em relação ao posicionamento de Mauro Cid, coronel braço direito de Bolsonaro. A base governista quer saber se ele entregará todo o esquema. Também é esperado que os investigadores da PF apresentem novas provas contra o ex-governante do país.
O entendimento é que as acusações vão enfraquecer a base bolsonarista no Congresso e facilitará as negociações para o aumento da base de Lula. Um exemplo usado é que o episódio ajudará Orlando Silva (PCdoB-SP) nas negociações do PL das Fake News.
Neste momento, a confiança para que o projeto passe é alta. Só que o presidente Lula avisou que seguirá dizendo que a lei é do Congresso Nacional e não do Executivo.
Os governistas agora vão atacar o novo escândalo envolvendo Bolsonaro. O foco é enfraquecer ainda mais a imagem do ex-presidente.
"Estamos na expectativa de puxar aqueles bolsonaristas decepcionados. Essa operação é uma oportunidade de enfraquecer a base deles e negociar mais membros para aumentar a base do Lula. Precisamos ver os desdobramentos", revelou um deputado da base governista.
O caso
Nesta quarta, a PF realizou operação de busca e apreensão em um endereço ligado a Bolsonaro em Brasília, no Jardim Botânico, onde ele mora com Michelle Bolsonaro. Na ocasião, o celular de Bolsonaro foi apreendido pelos agentes.
A corporação cumpre 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, no Rio de Janeiro e em Brasília. Todas as prisões foram realizadas até as 7h.
As ações são parte da chamada Operação Venire, que investiga a prática de crimes na inserção de dados falsos sobre a vacinação contra a Covid-19 nos sistemas públicos do Ministério da Saúde.
O objetivo da fraude seria garantir a entrada de Bolsonaro, familiares e assessores nos Estados Unidos, que pede a vacinação obrigatória para entrar no país. O ex-presidente ficou três meses no país, deixando o Brasil em 30 de dezembro de 2022 e retornando somente em 30 de março deste ano.
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