Diretor da casa de show Espaço Hall, Maurício Dutt
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Diretor da casa de show Espaço Hall, Maurício Dutt

Diretor-sócio do Espaço Hall, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, desde 2019, o empresário Mauricio Dutt teve pouco mais de um ano de funcionamento normal antes de ter que fechar as portas em março de 2020, no início da pandemia. Foram meses de total inatividade, até que, em julho do mesmo ano, o local abrigou o primeiro show musical no formato drive-in do Rio de Janeiro — marcando também a última apresentação do vocalista do Roupa Nova, Paulinho, vítima da  Covid-19. Em entrevista, Dutt fala da importância do setor, que, em suas palavras, "não pode parar; até porque o que para muitos é diversão, para outros é sustento".

Como a casa enfrentou a pandemia?

 Enquanto ficamos fechados, focamos em ações sociais para ajudar os profissionais informais, até que veio a ideia do drive-in. Mas a casa mesmo só reabriu em novembro, com 30% da capacidade, e não pretendemos regredir. Foi difícil para a casa, acumulamos altos custos fixos, como IPTU, aluguel e encargos trabalhistas.

Quais protocolos devem ficar?

O distanciamento não, pois as pessoas querem estar juntas em um show. Já os projetos de sanitização e higienização, sim. Os profissionais que lidam com alimentos também, mudaram a forma de trabalhar: agora, os bolinhos de bacalhau vêm em uma caixa lacrada, por exemplo. A preocupação com a pandemia aumentou o padrão de qualidade. Também criamos campanhas de conscientização e disponibilizamos um vídeo com protocolos antecedendo os eventos.

A pandemia vai mudar o futuro das casas de show do Brasil, sobretudo do Rio?

A grande lição, além da questão sanitária, é o legado. Vamos fazer os eventos de forma híbrida; hoje, temos uma plataforma de transmissão ao vivo, como o Rock in Rio, e vamos conseguir atender cinco vezes mais pessoas do que a casa lotada. A pandemia acelerou o processo de aliar a tecnologia aos setores de entretenimento e turismo. Planejamos um passaporte no qual o turista adquire um combo com hotel, passeios turísticos, como o Corcovado e shows no Espaço Hall. A tecnologia vai ser uma grande aliada para alavancar o setor.

Essa virtualização no setor veio para ficar?

Mais do que a tendência, temos o metaverso. O Espaço Hall não vende bebida, ingresso, camarote; vende experiência emocional. Num futuro próximo, o público vai ter essa experiência emocional também de forma virtual – no metaverso. Vou poder te encontrar, ter a sensação de te abraçar, mas à distância. Queremos trazer mais conteúdos da web 3.0 para cá. Mas, claro, nada substitui a sensação humana.

Como o senhor vê o adiamento dos desfiles da Sapucaí?

Por conta do cenário, a decisão mais prudente é adiar para o mês de abril. Para o setor, seria mais preocupante se houvesse um cancelamento, pois representaria um prejuízo muito maior. Já há perdas só com o adiamento, como no caso de reservas de hotel, logística e operação preparados para o carnaval, mas é o melhor a ser feito. Novamente, nos cabe ter paciência, sensatez e continuar a trabalhar para termos um ótimo 2022.

Em alta de casos de Covid, pela variante Ômicron, a casa pensa em voltar atrás?

O setor não pode parar; o que para muitos é diversão, para outros é sustento. É um setor que merece muito respeito. Com as estatísticas atuais, não vejo por que parar agora. Fomos o setor mais afetado na pandemia, e precisamos de ajuda para o Rio retomar o seu protagonismo. Nosso sucesso como empresa depende da consciência das pessoas. Aqui, é proibido circular sem máscara e fazemos o controle do passaporte vacinal. Também optamos mais por shows de mesa; apesar de perder receita, por diminuir a capacidade, é melhor para manter o distanciamento.


Quais são os planos para 2022?

Estamos em um momento de reorganização, e todo o setor cultural vai receber uma grande demanda reprimida: as pessoas querem sair de casa, então temos que estar estruturados. Estamos fazendo uma programação cada vez mais voltada para a família, além de eventos corporativos e formaturas. Há um otimismo grande, devido ao avanço da vacinação e à demanda de consumo. O ano promete muito para o setor.

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