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"Aqui não tem mais autoridade; somos um governo servidor"

Nove meses após a cerimônia de posse como governador, Cláudio Castro (PL) faz um balanço de sua gestão em entrevista exclusiva a O DIA. O vice de Wilson Witzel fala sobre as diferenças em relação ao antecessor — afastado temporariamente pela Justiça em agosto de 2020, e depois, de forma definitiva, pelo tribunal misto do impeachment — e sobre a marca que tenta imprimir em sua administração, que será submetida ao julgamento das urnas em outubro: "Acredito no diálogo como um caminho para a construção da sociedade. Meu maior desafio é que a população entenda e goste dessa minha maneira de governar".

O DIA: O senhor assumiu depois de um processo de impeachment. Como retomar a confiança dos fluminenses?

CASTRO: A grande quebra de confiança acontece quando a população vê que o hospital ou a escola não funcionam. Estamos trabalhando exatamente nessa lógica de melhorar a vida das pessoas: botamos as contas em dia, não atrasamos os salários dos servidores, melhoramos o ambiente político, jurídico e de negócios, reduzimos a carga de tributos. A concessão da Cedae é uma prova desse ambiente mais tranquilo. A população percebe que as coisas estão melhorando, tanto que as pesquisas mostram uma avaliação do governo superior à minha pessoal.

Qual é a marca que o senhor tem tentado imprimir?

Somos o governo do diálogo. É o que falo: aqui não tem mais autoridade, aqui tem servidor. É um governo extremamente servidor, de reconstrução da parte econômica, estrutural, de credibilidade. Estamos resolvendo problemas históricos, como o do Porto de Ponta Negra, que estava emperrado há mais de dez anos. Há cinco anos não tínhamos uma lei orçamentária sem déficit. Os servidores estavam sem aumento há outros sete.

Que diferenças o senhor vê em relação ao seu antecessor?

Não tento me diferenciar; eu sou diferente. Nesse processo todo, tentei imprimir o que eu sou, que é essa pessoa do diálogo. Tanto que, na largada, fui anunciado como articulador político. Era ao meu gabinete que as pessoas recorriam.

E como é ser uma pessoa de diálogo num sistema trabalha na lógica do embate?

Eu me coloco como uma pessoa diferente, e isso tem dado certo do Rio. Estamos dando uma prova ao Brasil de que o diálogo faz o estado crescer. E não ouvimos apenas a política, mas a cadeia produtiva também. Cerca de 60% do Pacto RJ veio de um programa da Firjan.

Qual é o seu maior desafio?

Acredito no diálogo como caminho para a construção da sociedade. Meu maior desafio é que a população entenda e goste dessa maneira de governar. Tem gente que gosta da polarização, que prefere ver um grande líder chicoteando, mas não vejo o caminho do embate como o melhor para o país.

As principais preocupações dos brasileiros estão relacionadas à economia. O que o governo tem feito nessa área?

Voltou rápido, né? Até maio, as pesquisas só falavam em saúde. É o natural, com a melhora dos números da Covid, mas não achei que seria tão rápido. Temos um plano de investimentos de R$ 17 bilhões, além de redução da carga tributária. Reabrimos sete Faetecs e não contingenciamos nem um centavo das universidades. o que não aconteceu nem no auge do petróleo.
As principais indústrias do Rio — turismo e óleo e gás — passaram por crises.

Qual é o caminho para o estado?

A indústria do petróleo é finita. O Rio já está diversificando dentro do mercado de energia, com a inauguração da GNA 1, crescimento das plantas de biogás, e o complexo do GasLub, onde seria o Comperj. Outro mercado é o da logística: os maiores Centros de Distribuição estão vindo para cá por causa do Porto do Açu — o empreendimento mais importante do Brasil e que vai puxar a reindustrialização do Rio.

Mas para isso precisamos melhorar a infraestrutura...

O Pacto RJ vem para isso. O governo tem cumprido o papel de ser um regulador e de propagar as políticas públicas de acordo com a necessidade. Antigamente, o que valia era muito mais a vontade do governo. Hoje é a da sociedade.

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