Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro
José Cruz/Agência Brasil - 27/12/2022
Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro

A relação entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, ficou abalada em reunião na semana passada . Isso porque o presidente ameaçou demitir o subalterno caso ele não se mostrasse capaz de enfrentar militares golpistas e que estavam ameaçando a estabilidade do governo.

Embora Múcio tenha uma relação considerada próxima a Lula, o presidente não escondeu de aliados que ficou incomodado com os primeiros dias do ministro à frente da Defesa. Um assessor afirmou à coluna que o clima ficou quase insustentável. "Lula não ficou satisfeito com a forma como Múcio conduziu a relação entre governo e militares, inclusive no episódio do dia 08 de janeiro", revela.

Na visão do presidente, o perfil do ministro em contemporizar não estava dando certo, principalmente porque não havia interesse em colaborar por parte de alguns militares, principalmente do Exército.

A intenção do ex-comandante do Exército Júlio César Arruda era de anistiar os invasores da Praça dos Três Poderes, numa espécie de demonstração de poder das Forças Armadas para emparedar Lula. O presidente ouviu de Flávio Dino (PSB), ministro da Justiça, que houve insubordinação e que Múcio tentou costurar um acordo em vez de pôr ordem e fazer cumprir a determinação presidencial.

Fontes confirmaram à coluna que, pouco antes da reunião com as Forças Armadas, Lula sentou com Múcio e enquadrou o ministro. A reunião, embora com risco de demissão, foi tranquila. "O presidente explicou que Múcio deveria mudar a postura e questionou se ele era capaz de fazer a faxina entre militares , porque essa é a ordem do governo", conta um membro do PT. "Lula lembrou que se ele não fosse capaz, teria que mudar o ministro", completa.

O ministro da Defesa, segundo um assessor de Lula, argumentou que tentou a todo custo proteger o governo de perder a opinião pública para não dar a impressão de que perseguia militares, mas concordou que a estratégia não funcionou. A partir dali os dois decidiram que a postura da Defesa seria mais combativa. Pouco depois, Lula decidiu demitir o comandante do Exército após ele defender os golpistas, conforme antecipou a coluna.

Os discursos de Múcio desde então mudaram da água para o vinho. Se antes o ministro dizia que os acampamentos era democráticos, agora diz que Lula não perdoará os golpistas. A manutenção do emprego falou mais alto para uma correção de rota. É esperar para ver se funcionará

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!