A notícia de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu o comandante do Exército, Júlio César de Arruda , pegou muita gente desprevenida na tarde de hoje (21). Mas nos bastidores de Brasília, a classe política avaliava que ele ficou muito insatisfeito com o militar após a reunião acontecida na última sexta-feira (20) , quando Arruda teria defendido golpistas.
Quem esteve na reunião informou à coluna que Júlio César havia dito ao presidente que não se podia generalizar e os manifestantes do QG não eram terroristas. Ele chegou a defender que a prisão de tanta gente teria sido exagerada e estaria servindo para deixar um clima de tensão no país. A insatisfação de Lula e de seu núcleo duro piorou porque o comandante saiu do encontro sem fazer um mea culpa do Exército.
Investigações da Polícia Federal já mostraram que militares da ativa do Exército protegeram golpistas após o ataque na Praça dos Três Poderes. Lula considera que há contaminação política e marcou a reunião com as Forças Armadas para resolver a questão e buscar um caminho para uma faxina. A ideia dele é tirar a ideologia para que todos cumpram suas funções, sem pensar em política.
"Lula ficou furioso quando Júlio César deu a entender que o Exército não precisa de faxina ideológica", disse um deputado à coluna. Ele esteve com o presidente no início da manhã deste sábado e confirmou que a decisão de exonerar o comandante se deu após reunião com o núcleo duro. "O presidente considerou que ele não é a pessoa indicada para pacificar o Exército brasileiro".
Aliados garantem que Lula não quer perseguir militares nem enfraquecer as Forças Armadas. Por outro lado, ele não pretende negociar com quem tenha apoiado ou participado do que ele considera uma tentativa de golpe de estado. "É preciso encontrar, punir e transformar o Exército no que ele precisa ser", avisou o presidente a pessoas próximas.
Por conta dos discursos feitos pelo general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, ele foi o escolhido para assumir a função. Assessores mostraram para Lula que o general defendeu o resultados das urnas e vem defendendo Forças Armadas apolíticas e cumprindo sua função sem opinar sobre a vida civil. Os outros chefes das Forças Armadas não criaram problemas para a mudança, segundo fontes ouvidas pela coluna.
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