Em 2016, em São Tomé e Príncipe, país do continente africano, a candidata Maria das Neves se tornou a primeira cidadã são-tomense a candidatar-se às eleições presidenciais. Mulher e pobre, Maria pregava em seu discurso de campanha a esperança e o fim da exclusão em seu país, uma nação onde a violação de direitos acontece todos os dias, principalmente na vida de mulheres.

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Alexssandro Loyola - PSDB na Câmara
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Com uma campanha surpreendente, Maria ficou em terceiro lugar nas eleições com uma diferença de menos de 1% para o segundo lugar. Após a contagem final dos votos, ela ouviu de seu adversário que “já poderia retornar ao seu marido para lavar e cozinhar”.

Episódios como esse mostram quão longo ainda é o caminho da mulher para conseguir espaço na política e em outras áreas da sociedade. Aqui no Brasil mesmo a gente vê isso de muito perto. Eu, por exemplo, sou a primeira e única mulher tetraplégica do Brasil a ocupar um cargo no Congresso Nacional. Junto a outras mulheres, somamos os tímidos 10% da bancada feminina na Câmara. No Senado, esse percentual também é baixo: apenas 16%.

Não por acaso, no ano passado, o Brasil perdeu 11 posições no relatório do Fórum Econômico Mundial que mede a igualdade entre homens e mulheres. Apesar dos progressos em áreas como educação e saúde, a representação feminina na política foi o principal responsável pelo baixo desempenho do nosso país.

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Estamos atrás do Afeganistão, por exemplo, país onde o papel político feminino é bem reduzido, que tem 28% de mulheres no Parlamento - quase três vezes mais do que temos. E não achem que isso ocorre porque o Brasil é um país em desenvolvimento e isso se deve à pobreza e baixa qualidade da educação, porque entre 10 países líderes de representatividade feminina estão Ruanda, Bolívia, Cuba, Senegal, México, África do Sul e Equador, nações com realidades econômicas semelhantes a do Brasil.

Para vocês terem uma ideia, esses países elegeram mais de 40% de mulheres no legislativo , e se destacam junto com países onde os direitos das mulheres têm maior força como Islândia, Suécia e Finlândia.

Não é de agora que escuto falar da sub-representação da mulher na política, mas confesso que nunca havia me impactado tão profundamente quanto agora. E parte dessa reflexão se deve a minha experiência como candidata (e agora eleita) para representar o Brasil no Comitê da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, o CDPD, onde atuarei no período de 2019 a 2022.

Estar na ONU, carregando comigo uma somatória de exclusões (mulher e tetraplégica) me escancarou para o descumprimento de uma série de direitos humanos no mundo, principalmente quando nos referimos à população feminina.

A mulher é responsável por carregar a água na cabeça para suas comunidades, ela é também a maior vitima de violência no mundo e cumpre dupla jornada de trabalho. 

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Tenho muita esperança que nossos representantes – e claro eu me incluo nessa - representem de fato todos os brasileiros, sem exceções. E isso começa já, avaliando as propostas de cada candidato e a forma como cada campanha vem sendo conduzida. Seu candidato é democrático, escuta as pessoas?

O caminho para chegar à água, à igualdade no mercado de trabalho, ao combate à violência e a tantas outras políticas públicas, passa e continuará passando pelo nosso voto.

Acabar com a desigualdade de gêneros e colocar a mulher em pé de igualdade, ao lado do homem - ou do lado que ela quiser estar - é o que queremos. Mais ainda: é o que o Brasil precisa para de fato se tornar um país de todos.

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