
A Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA) anunciou, na última quinta-feira (9), que as condições de La Niña estão oficialmente presentes no Oceano Pacífico.
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Até o anúncio deste ano, a última vez que o fenômeno esteve "ativo" foi em 2022. Para 2025, a previsão do ENOS (El Niño - Oscilação Sul) realizada pelo Instituto Internacional de Pesquisa em Clima (IRI), indica a permanência do fenômeno até fevereiro de 2026. Entenda o que precisa acontecer para La Niña ser definida.
Resfriamento anormal do Pacífico

O comunicado da NOAA afirma que o fenômeno se estabeleceu em setembro devido à expansão de áreas com temperatura da superfície do mar abaixo da média na faixa central e oriental do Pacífico Equatorial. Ele é marcado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial, alterando o padrão de ventos e de chuvas em várias partes do mundo.
Segundo a agência norte-americana, as anomalias negativas também foram observadas em águas mais profundas, até cerca de 200 metros, acompanhadas por ventos e padrões de convecção típicos de La Niña. A MetSul Meteorologia explica que o acoplamento entre oceano e atmosfera costuma reduzir a formação de nuvens e chuvas na porção leste do Pacífico.
Decisão surpreendente
O anúncio gerou estranhamento na comunidade meteorológica internacional, conta a MetSul. Isso porque, historicamente, a NOAA só declara o início de La Niña quando há várias semanas consecutivas com anomalias de temperatura iguais ou inferiores a -0,5°C na região conhecida como Niño 3.4, um indicador de referência para o fenômeno.
Nas últimas medições os dados não mostravam um quadro típico: apenas três semanas apresentaram -0,5°C, valor-limite entre neutralidade e La Niña, com a média recente ainda estava dentro da faixa neutra.
A discrepância levantou dúvidas sobre os critérios utilizados pela NOAA. Uma possível explicação é o uso do Índice Relativo ENSO, métrica mais recente que ajusta os valores de temperatura do mar levando em conta o aquecimento global.
Esse índice pode apontar uma intensidade maior do fenômeno em relação ao Índice Oceânico de Niño (ONI), o parâmetro oficial que a agência sempre utilizou.
Caso a hipótese se confirme, a NOAA pode ter reconhecido a La Niña com base em uma metodologia ainda não oficialmente adotada nos seus boletins operacionais, o que explicaria a divergência.
Pelos critérios tradicionais, as condições atuais ainda seriam de neutralidade, mas a agência norte-americana pode estar antecipando uma atualização na forma de medir os fenômenos climáticos do Pacífico, analisa a MetSul.
