Os vírus têm má reputação como potenciais causadores de câncer, mas pelo menos uma classe desses microrganismos que geralmente vive na pele humana – os papilomavírus humanos (HPVs, na sigla em inglês) de “baixo risco” – parece desempenhar um papel involuntário na proteção contra o câncer de pele . A descoberta foi divulgada na revista “Nature”.
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Existem mais de 100 cepas conhecidas de HPV, das quais apenas 12 são classificadas como de alto risco . Entre elas estão alguns tipos associados ao risco de câncer de colo do útero, vagina, pênis e ânus, e outros relacionados a cânceres de cabeça, pescoço e cavidade oral. Outros tipos são “caronas” comuns no corpo humano e apresentam risco baixo de causar doenças graves.
Pacientes cujos sistemas imunológicos foram suprimidos por doenças ou terapia médica têm um risco muito maior de câncer relacionado a infecções virais, principalmente o carcinoma espinocelular (CEC, na sigla em inglês) da pele. Embora vários estudos tenham tentado revelar uma ligação entre infecções por HPV e CEC, nenhum conseguiu mostrar que os HPVs realmente impulsionam o desenvolvimento desses cânceres de pele comuns, afirmam Shawn Demehri, pesquisador do departamento de Dermatologia e do Centro de Câncer do Hospital Geral de Massachusetts (MGH), e seus colegas.
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Trabalhando com modelos experimentais e amostras de tecido de câncer de pele humano, a equipe descobriu que a presença de papilomavírus “comensais” (formas de baixo risco do HPV que habitam a pele da grande maioria das pessoas) parece ter um efeito protetor indireto contra o CEC, em vez de originar efeitos nocivos.
Primeira evidência
“Esta é a primeira evidência de que os vírus comensais podem ter efeitos benéficos à saúde , tanto em modelos experimentais quanto em humanos, e acontece que esse efeito benéfico tem a ver com a proteção contra o câncer. O papel desses vírus comensais, neste caso os vírus do papiloma, é induzir imunidade que protege os pacientes de câncer de pele”, diz Demehri.
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Em pacientes com sistema imunológico suprimido, a perda de imunidade, em vez dos efeitos causadores de câncer dos HPVs, é a razão do aumento de mais de 100 vezes no risco de câncer de pele, dizem os pesquisadores. Suas descobertas sugerem um novo método para prevenir o câncer de pele usando uma vacina baseada em células T, as células essenciais do sistema imunológico que identificam outras células como anormais ou estranhas e as marcam para destruição.
“As vacinas baseadas em células T contra HPVs comensais podem fornecer uma abordagem inovadora para aumentar essa imunidade antiviral na pele e ajudar a prevenir verrugas e cânceres de pele em populações de alto risco”, escrevem os pesquisadores.