Um estudo realizado pela Universidade de Ciências Agrárias em Uppsala, na Suécia, descobriu que as plantas conseguem se comunicar em ambientes superlotados. De acordo com o The Guardian , elas entram em contato com suas “vizinhas” por meio de substâncias químicas que, secretadas no solo, enviam sinais que teriam como objetivo manter o ecossistema equilibrado.
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A ideia de que as plantas podem se comunicar com outras é discutida há muitos anos. Em 1980, por exemplo, pesquisas sugeriam que árvores enviavam sinais elétricos quando os vegetais ao seu lado eram cortados. Contudo, evidências mais consistentes começaram a ser descobertas nos últimos tempos e indicam que a troca de informações entre os vegetais pode ser constante.
“Se nós temos um problema com nossos vizinhos, podemos nos mudar. As plantas não podem. Elas aceitaram isso e usam sinais para evitar situações de competição e para preparar futuras situações”, explicou Velemir Ninkovic, o ecologista que liderou a pesquisa.
Estudos anteriores já mostravam que as estratégias de crescimento de uma planta são influenciadas pelo ambiente ao seu redor. Quando uma folha encosta nos galhos de outro vegetal, por exemplo, isso é capaz de mudar a forma como aquela planta irá crescer. Outro caso seria quando um vegetal, em ambiente superlotado, começa a desviar recursos do solo para conseguir se desenvolver mais rapidamente.
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Desenvolvimento da pesquisa com as plantas
Até então, acreditava-se que tais comportamentos eram motivados apenas por sinais mecânicos captados pelos vegetais, porém, o novo estudo sueco muda toda a perspectiva. Publicado na revista científica Plos One, ele analisou mudas de milho ao serem tocadas, todos os dias, por um pincel de maquiagem, que tinha como objetivo simular o toque de uma planta.
Assim, os vegetais começaram a modificar suas estratégias de desenvolvimento, e algo muito curioso aconteceu em seguida. Os pesquisadores retiraram as mudas do solo em questão e plantaram outro vegetal , que passou a repetir o mesmo padrão de crescimento das mudas de milho.
O experimento foi reproduzido em outro local, onde uma planta permaneceu por algum tempo e em momento algum foi tocada. Em seguida, ela foi retirada para que outra muda fosse plantada. Dessa vez, ela não apresentou os padrões de desenvolvimento observados no primeiro teste.
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Assim, os cientistas perceberam que as plantas usam o solo como canal de comunicação para falar com suas vizinhas sobre possíveis ataques de pulgões, por exemplo, além de conseguirem detectar se as mudas ao seu redor são de seus próprios "parentes" ou de "estranhos".