
Uma pesquisa realizada pela Sabesp mostra que o Sistema Cantareira chegou a 20,8% da capacidade nesta segunda-feira (1º), o menor nível registrado desde a crise hídrica que marcou o estado de São Paulo em 2015. O volume coloca em alerta o abastecimento de cerca de 9 milhões de pessoas na Grande São Paulo, que dependem diretamente do reservatório.
O dado chama atenção porque representa uma queda acentuada em relação ao ano passado. Em 1º de dezembro de 2024, o Cantareira operava com 45,1% do volume, mais que o dobro do índice atual. Essa redução tem relação direta com o comportamento das chuvas nos últimos meses. Em novembro, por exemplo, a região registrou apenas 108 milímetros de precipitação, enquanto a média histórica é de 151 milímetros. A combinação entre baixa chuva, temperaturas mais altas e maior evaporação tem reduzido a capacidade de recuperação natural do sistema.
Os boletins técnicos indicam que a vazão de entrada de água nos reservatórios segue abaixo do esperado para a estação chuvosa, o que compromete a reposição dos níveis mesmo quando há precipitação.
Estimativas preliminares para dezembro indicam que o mês também deve fechar com acumulados abaixo da média, prolongando a dificuldade de recuperação.
Com o cenário se agravando, a Sabesp reduziu o volume de retirada de água do sistema para 27 metros cúbicos por segundo. A medida busca diminuir a pressão sobre os reservatórios e tentar estabilizar os níveis nas próximas semanas.
A situação atual reacende a preocupação com os efeitos de longo prazo da crise hídrica. Entre os riscos mapeados estão: maior pressão sobre os sistemas complementares, aumento de custos operacionais, necessidade de redistribuição da oferta entre regiões e possibilidade de impactos na qualidade da água captada.