
A cidade do Rio de Janeiro amanheceu em normalidade nesta quarta-feira (29), um dia após a megaoperação policial que, até o momento, é a mais letal da história do estado, que deixou pelo menos 64 óbitos confirmados. Apesar do retorno à rotina e da liberação total das vias, muitos moradores continuam com medo de sair de casa.
"Saindo de casa para trabalhar, espero que o RJ não dê ruim hoje de novo, eu não vou aguentar esse terror novamente", escreveu uma moradora nas redes sociais. Veja outros relatos:
Retorno à normalidade
Às 6h, o Centro de Operações e Resiliência (COR) da prefeitura informou que o município retornou ao estágio 1, o menor em uma escala de cinco, que indica "ausência de ocorrências de grande impacto".
Ainda segundo o órgão, todos os meios de transporte - ônibus, VLT, BRT, metrô, trens e barcas - operam normalmente nesta manhã.
Durante a madrugada, as ruas que ainda estavam interditadas foram liberadas. A última foi a autoestrada Grajaú-Jacarepaguá, que liga as zonas Norte e Oeste, passando pelo Complexo do Lins, desbloqueada por volta das 2h45. Na véspera, 35 ruas haviam sido bloqueadas por criminosos em represália à operação, com veículos e materiais incendiados.
Na terça, a cidade registrou o estágio 2 de atenção devido às interdições e da paralisação de linhas de transporte. Mais de 200 rotas de ônibus foram interrompidas e 71 coletivos foram usados como barricadas. No fim do dia, o fluxo de trabalhadores que tentou voltar para casa causou a superlotação dos transportes públicos.
Operação mais letal da história do estado
A operação conjunta das Polícias Civil e Militar mirava a cúpula do Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha. Pelo menos 81 pessoas foram presas.
Entre os mortos, estão quatro policiais. Na madrugada desta quarta, moradores da Penha levaram mais 64 corpos à Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, que ainda não foram contabilizados no balanço oficial, conforme informou o secretário da PM, coronel Marcelo de Menezes Nogueira ao g1. Por isso, o número total de mortos pode chegar a 100 caso a perícia confirme relação com a ação de ontem.
Segundo o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF), essa foi a operação mais letal registrada no Rio desde 1990, com mais que o dobro de mortos da ação no Jacarezinho, em 2021, que deixou 28 óbitos.