Idosos que viviam em casa de repouso interditada são transferidos após lugar ser fechado por maus-tratos
Gabriel de Paiva/Agência O Globo
Idosos que viviam em casa de repouso interditada são transferidos após lugar ser fechado por maus-tratos

Agentes da 35ª DP (Campo Grande), com o auxílio da Vigilância Sanitária do município e da Secretaria municipal de Assistência Social, estão na Casa de Repouso Laço de Ouro, em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, nesta segunda-feira (8), para retirarem os idosos que moravam no local. Uma força-tarefa de assistentes sociais, enfermeiros e médicos analisam o estado de saúde de cada um dos internados. Aqueles que tiverem parentes serão levados para a casa de seus familiares. Os que não tiverem, serão levados para um abrigo do município. O local foi fechado após denúncias de maus-tratos.

O GLOBO entrou na casa. Em vários cômodos ainda existe um cheiro muito forte de urina e fezes. Comerciantes da região estão doando alimentos para os internos. Pouco depois de meio-dia, uma paciente foi levada para o Hospital municipal Rocha Faria, em Campo Grande. Ao menos três hóspedes também foram retirados por seus familiares.

A aposentada Maria Graça da Silva, de 74 anos, mora no local há cerca de três anos.

"Eu não sabia que existiam esses problemas todos. Eu nunca vi nada de errado. O policial me mostrou uma comida remexida, parecendo uma lavagem. Mas eu nunca comi aquilo. Eu me assustei e passei mal. Fomos informados que seremos levados para outro local", conta a mulher que vive em um quarto e paga cerca de R$ 1.700.

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A nora de dona Maria, uma advogada de 36 anos, e que pede para não ser identificada, conta que a família “nunca observou irregularidade no local”.

"A gente sempre franqueou aqui e nunca vimos nada. Aquela cena foi estarrecedora. A minha sogra sempre foi bem tratada. Nunca soubemos de nada irregular. Inclusive, a dona da casa até acolhia pessoas sem familiares que eram hospedados aqui", conta a advogada, que completa: "Viemos aqui para levá-la para outro local. Ela, possivelmente, vai para outro lar. A opção por morar em um lar de repouso é dela, para tomar remédios com regularidade e ter mais amigos".

Filho único da aposentada, um universitário de 36, que também não quis se identificar, também destaca que a mãe nunca reclamou de qualquer irregularidade no local.

"Minha mãe é lúcida e nunca me relatou nada demais. Ela só reclamava que tinha muito frango e ela não come. A foto mostrada, de uma lavagem, ela nunca relatou isso. Estamos surpresos", contou o homem.

Os idosos estão recebendo atendimento médico, sendo medicados e estão se alimentando.

O delegado-assistente da 35ª DP (Campo Grande), Marcus Montez, diz que agora o município está analisando cada caso.

"O trabalho está sendo mais administrativo, em colaboração com a prefeitura que está fazendo o acolhimento, o cadastramento e analisando a situação de cada um dos idosos. Estamos acionando os parentes e verificando as instituições que podem abrigá-los", destacou.

Nos próximos dias, familiares dos idosos, funcionários e servidores da prefeitura serão ouvidos.

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