
Distante cerca de 130 quilômetros de São Paulo, Holambra (SP) é uma cidade que carrega nas ruas, na arquitetura e até nos costumes o legado de seus fundadores holandeses. Conhecida como a capital nacional das flores, ela é resultado direta da imigração vinda dos Países Baixos no pós-guerra.
Agora, um novo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que essa herança também aparece nos sobrenomes dos moradores, e revela um caso curioso de exclusividade no país.

Segundo os dados inéditos do Censo, apenas 29 brasileiros carregam o sobrenome Gunnewiek, e todos vivem em Holambra, município de pouco mais de 15 mil habitantes.
O nome é tão raro que muitos moradores afirmam já ter cruzado com um “Gunnewiek” em algum momento, reforçando o quanto o sobrenome se tornou um símbolo local.
Pesquisas em sites internacionais de genealogia apontam que Gunnewiek tem origem neerlandesa, com registros históricos concentrados nas províncias de Gelderland e Overijssel, na Holanda.

Documentos do século 19 indicam famílias com o mesmo nome em pequenas vilas da região, sugerindo que ele tenha surgido a partir de referências geográficas, algo comum nos sobrenomes holandeses.
Holambra, cujo nome une Holanda, América e Brasil, nasceu oficialmente em 1948 com a chegada de cerca de 500 colonos vindos do norte de Brabante, após a Segunda Guerra Mundial.

Eles se estabeleceram na antiga Fazenda Ribeirão, no interior de São Paulo, e fundaram uma cooperativa agrícola que seria o embrião da economia local.
A imigração holandesa foi coordenada por organizações rurais dos Países Baixos, que incentivaram famílias a buscar novas oportunidades agrícolas no Brasil. O trabalho coletivo desses imigrantes transformou Holambra na capital nacional das flores, responsável por uma das maiores feiras do setor na América Latina: a Expoflora.
Hoje, a cidade preserva traços marcantes da cultura neerlandesa, da culinária aos costumes religiosos, da arquitetura às tradições familiares. E o sobrenome Gunnewiek, raro no país e concentrado em um único município, é uma lembrança viva dessa história: o elo entre a pequena cidade paulista e as raízes holandesas que floresceram no Brasil.