A participação de adolescentes na onda de vandalismo contra o transporte público de São Paulo, registrada nas últimas semanas , faz a Polícia Civil de São Paulo, por meio do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), trabalhar com a hipótese de que aos crimes estejam relacionados a desafios online.
Em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (3), em São Paulo, os policiais que participam das investigações afirmaram que o perfil dos suspeitos, aliado ao padrão dos ataques, levanta a suspeita de que os crimes de vandalismo e depredação dos ônibus a pedradas estejam sendo organizados por grupos pela internet .
"Identificamos a participação de pessoas de feição jovial " , afirmou Ronaldo Sayeg, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
A Divisão de Crimes Cibernéticos (DCCiber) também está envolvida nas investigações para monitorar se há envolvimento de criminosos em plataformas digitais.
Também por conta do padrão dos ataques, os policiais estão descartando a participação de facções criminosas.
“Estamos descartando, neste momento, porque não há reinvindicação ou propósito específico, que normalmente revelam a participação do crime organizado neste tipo de ocorrência” , acrescentou Sayeg.
Os policiais declararam ainda que há imagens de câmeras de segurança que registraram alguns dos ataques e que elas estão sendo utilizadas na investigação para identificação dos autores.
Ainda na coletiva, os policiais solicitaram a participação da população nas investigações, por meio do disque-denúncia 181 . E pelo telefone 190, se a pessoa testemunhar algum ataque.
Ainda segundo a Polícia Civil, foram formalizados em boletim de ocorrência (BO), até a noite desta quarta-feira (2), 180 ataques a ônibus na capital paulista, sendo que 60% foram registrados na zona Sul da cidade.
Esquema da PM
A Polícia Militar anunciou, também na coletiva, uma operação especial para intensificar a segurança em corredores, garagens e terminais de ônibus em todo o estado de São Paulo.
Além do monitoramento, serão empenhados cerca de 7,8 mil policiais e 3,6 mil viaturas que ficarão em pontos estratégicos.
Haverá apoio, também, de militares da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) e outras unidades especializadas da Polícia Militar. A previsão é que as ações se estendam até 31 de julho.
“Nós iniciamos a operação através de mapeamento e análise criminal dos locais de maiores incidência, então nós começamos a alocar os ativos operacionais das várias modalidades de policiamento justamente para isso, para fazer a prevenção e também, se for o caso, a repressão imediata” , disse o coronel Carlos Henrique Lucena, coordenador operacional da PM.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) informa também que mantém diálogo com as empresas de transporte coletivo para monitorar e discutir estratégias de enfrentamento às ações de vandalismo.