
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve prestar depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (05) em um inquérito que investiga a atuação de seu terceiro filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), contra autoridades brasileiras a partir do governo dos EUA.
Eduardo passou a ser investigado na última segunda-feira (02) a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que alegou que o parlamentar tem buscado o governo estadunidense para impor sanções a integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), do Ministério Público (MP) e da PF.
Segundo a PGR, o intuito seria atrapalhar o andamento do julgamento contra seu pai, réu na justiça por tentativa de golpe de Estado. Eduardo está nos EUA desde o final de fevereiro, licenciado do cargo na Câmara dos Deputados.
Depoimento
Jair Bolsonaro prestará depoimento porque seria diretamente beneficiado pelas ações do filho, de acordo com a PGR. Ele mesmo também teria declarado que é responsável pelos custos da permanência do "filho 03" no país norte-americano.
A PGR quer entender se o ex-presidente tem envolvimento direto ou apoio nas supostas ações de Eduardo, como forma de pressionar o STF.
Além de Bolsonaro, serão ouvidas outras testemunhas, como diplomatas brasileiros nos EUA. O ministro Alexandre de Moraes é o relator do caso no STF.
Eduardo se mudou para os EUA
Suspeito de tentar influenciar membros e aliados do governo estadunidense de Donald Trump a impor sanções contra ministros do STF, Eduardo Bolsonaro é publicamente crítico ao Supremo. Ele inclusive justificou sua ida ao país com base em uma suposta "perseguição" da maior instância da justiça brasileira.
Em entrevistas e postagens nas redes sociais, o deputado afirmou estar trabalhando para que o governo dos EUA adote sanções contra ministros da Suprema Corte brasileira. As declarações foram vistas pela PGR com um tom intimidatório.
No último dia 28, o governo dos EUA anunciou que vai restringir visto "autoridades estrangeiras que sejam cúmplices na censura de americanos". Sem citar Moraes, o secretário de Estado, Marco Rubio, mencionou a América Latina como alvo, alimentando expectativas de que o ministro esteja entre os sancionados.