A concessionária ViaMobilidade , que opera linhas de trens em São Paulo , informou na noite desta quarta-feira (4) que demitiu seis agentes de segurança envolvidos na abordagem que resultou na morte de um passageiro, no dia 11 de novembro . O caso veio à tona nesta semana, após a TV Globo obter imagens de câmeras de segurança que registraram as agressões.
As demissões acontecem mais de 20 dias após o episódio, ocorrido na estação Carapicuíba , da Linha 8-Diamante. A vítima foi identificada como Jadson Vitor de Sousa Pires . Os agentes chegaram a carregá-lo para fora da estação, desacordado.
A viúva de Jadson, Renata Santos de Sousa , contou que, no dia do crime, o marido tinha saído de casa para resolver problemas burocráticos para receber o seguro-desemprego e sacar o FGTS, uma vez que tinha sido demitido do emprego recentemente. Renata descreveu o marido como um "homem incrível", "trabalhador" e "muito esforçado".
De acordo com a perícia, o homem morreu por asfixia mecânica em decorrência de esganadura, provavelmente em razão das agressões. Ao menos três dos seguranças envolvidos já foram ouvidos pela polícia: Davi Reinaldo Mendes, Marcos Paulo Gonçalves Mendes e Evandro de Sousa Gomes.
O delegado do caso pediu a prisão temporária dos três, mas até o momento a Justiça só determinou que Marcos Paulo Gonçalves Mendes fique preso. Ele foi detido na tarde desta quarta (4), após prestar depoimento sobre a abordagem no 1° DP de Carapicuíba.
Ações tomadas após repercussão
Em entrevista à TV Globo, o diretor da ViaMobilidade, André Costa, justificou que as demissões aconteceram apenas 24 dias depois da morte do passageiro porque havia uma sindicância aberta para apurar a morte. Ele disse ainda que a sindicância da empresa apurou que “nenhum dos procedimentos praticados correspondem aos nossos treinamentos e procedimentos que são ministrados constantemente a todos os colaboradores”.
“Nenhuma daquelas ações, nenhuma daquelas atividades estava prevista e foram executadas em desacordo com os nossos processos e procedimentos. Na nossa sindicância a gente conseguiu apurar todas essas questões e nos levar à conclusão de fazer esse desligamento de todos os envolvidos”, contou.
O diretor disse que a abordagem deveria ser de acolhimento “a uma pessoa que estava vulnerável e que precisava ali do atendimento e do encaminhamento para uma unidade de saúde”
“Nós portamos mais de 850 mil passageiros por dia, somos 2.500 colaboradores dedicados à segurança e ao cuidado com as pessoas e esse fato lamentável e isolado não nos representa e nós vamos trabalhar para que isso não volte a acontecer”, complementou.
Respostas da ViaMobilidade
Na manhã desta quarta-feira (4), a ViaMobilidade já havia anunciado que vai realizar uma reciclagem de 100% dos agentes de segurança que atuam nas empresas do grupo CCR.
O objetivo, segundo a empresa, é ajustar a conduta dos agentes no "atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade ou sob o efeito de substâncias entorpecentes".
Por meio de nota, a empresa lamentou a morte do rapaz e disse que presta todo o apoio à família. Afirmou também que “o comportamento dos profissionais que atuaram na contenção de Jadson Pires não corresponde aos seus valores, treinamento e padrão dos seus procedimentos de segurança e atendimento”.
A Comissão de Monitoramento de Concessões e Permissões (CMCP), do governo estadual, informou que acompanha a ocorrência e abriu uma apuração, que poderá resultar na aplicação de penalidades previstas em contrato à concessionária.