Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
Valter Campanato/Agência Brasil
Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

A Polícia Federal (PF) encontrou dois comprovantes de transferências bancárias feitas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que totalizam R$ 6,8 milhões em honorários advocatícios. Cada transferência teve o valor de R$ 3.383.331,45 e foi descoberta em 8 de fevereiro deste ano durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão na sede do Partido Liberal (PL), em Brasília.

Os documentos estavam guardados em um cofre na sala da assessoria de Bolsonaro, o mesmo local onde foi encontrado um esboço de discurso considerado pelos investigadores como um "discurso pós-golpe".

Além dos comprovantes de pagamento aos advogados, os agentes da PF também encontraram outros itens no cofre, incluindo o passaporte e o telefone do ex-presidente.

A descoberta ocorreu no contexto de investigações sobre as movimentações financeiras de Bolsonaro, que, no primeiro semestre do ano anterior, recebeu R$ 17,2 milhões por meio de 769 mil transferências via Pix. Esses valores foram enviados por apoiadores do ex-presidente em uma campanha para ajudá-lo a pagar multas judiciais.

Quem são os advogados beneficiados?

Os pagamentos foram direcionados a dois advogados que representam Bolsonaro em investigações e processos. O primeiro beneficiado é Paulo Amador Cunha Bueno, responsável pela defesa de Bolsonaro no caso relacionado à tentativa de golpe de Estado.

Na semana passada, o ex-presidente foi indiciado, juntamente com outras 36 pessoas. Cunha Bueno é um advogado com uma sólida formação em direito penal, sendo também professor da PUC-SP, e tem afinidade com o meio militar, além de ter sido membro do conselho da fabricante de armas Taurus. Ele se recusou a comentar sobre os honorários, alegando que se trata de uma questão privada entre cliente e advogado.

O segundo escritório beneficiado foi o D. B. Tesser Sociedade de Advogados, que recebeu R$ 3,38 milhões. O advogado Daniel Tesser tem assessorado Bolsonaro em investigações relacionadas ao caso das joias . Em nota, o escritório afirmou que sua atuação é pautada por um contrato confidencial e que o relacionamento com o ex-presidente segue as premissas do código de ética da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O escritório também destacou que todo o valor recebido está registrado de acordo com a legislação fiscal e contábil.

"Independentemente da questão formulada, informo que todo e qualquer valor recebido por nosso escritório, sem exceções e de quem quer que seja, está lastreado em contrato de prestação de serviços jurídicos e nota fiscal correspondente, devidamente registrados na contabilidade e submetidos aos órgãos fiscais. Destacamos que nossa atuação é estritamente técnica, sem adentrar em questões políticas, razão pela qual, inclusive, pouco aparecemos na mídia.Escritório D. B. Tesser, sobre os pagamentos feitos por Bolsonaro", disse o escritório em nota ao UOL.

Cunha Bueno e Tesser têm trabalhado juntos em algumas das questões envolvendo Bolsonaro. Por exemplo, quando foi revelado que o ex-presidente se hospedou na embaixada da Hungria por dois dias , ambos defenderam a ação, alegando que Bolsonaro havia sido convidado para discutir o cenário político dos dois países. O caso foi arquivado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) , que não encontrou indícios de um pedido de asilo diplomático ou risco de fuga.

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