A Polícia Federal ( PF ) conseguiu recuperar arquivos eletrônicos apagados pelo tenente-coronel Mauro Cid , que trazem detalhes sobre o planejamento do golpe frustrado de 8 de janeiro de 2023 . A ação só foi possível graças um software israelense.
De acordo com informações obtidas de duas fontes ligadas à investigação, o plano detalhado incluía o levantamento de dados como nomes, rotinas e até o armamento dos responsáveis pela segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro do Supremo Tribunal Federal , Alexandre de Moraes .
A preparação sugeria um cenário em que os golpistas estariam dispostos a confrontar os seguranças do presidente e do ministro em um possível embate armado e violento.
No dia do ataque, no entanto, Lula e Moraes estavam fora de Brasília. O presidente encontrava-se em Araraquara, no interior de São Paulo, enquanto Moraes estava em Paris (França).
Os conteúdos dos arquivos impulsionou a convocação de novas testemunhas, incluindo um general das Forças Especiais do Exército e o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência ( Abin ) durante o governo Bolsonaro .
Novos depoimentos
Em meio às investigações, o ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência ), Alexandre Ramagem, ex-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro e nomeado por Bolsonaro, prestou depoimento à PF sobre o seu papel durante o período.
Ramagem liderou a Abin na época e é um dos que foram ouvidos esta semana no inquérito.
Outro depoente importante foi o general Nilton Diniz Rodrigues, atual comandante da Segunda Brigada de Infantaria de Selva, em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas.
Rodrigues, então coronel na época do golpe e com carreira nas Forças Especiais desde 1998, também contribuiu com informações à PF. Ele é condecorado com a Medalha do Pacificador, entre outras honrarias.
Em resposta às novas descobertas, o ministro Alexandre de Moraes decidiu prorrogar o inquérito sobre o caso por mais 60 dias, o que empurra o prazo para possíveis indiciamentos para o final de dezembro ou o início de 2025. Entre os investigados está o ex-presidente Jair Bolsonaro, que, mesmo sem ter sido formalmente denunciado à Justiça, já articula junto ao Congresso em busca de uma eventual anistia.