Thais Nunes , jornalista responsável pela pesquisa investigativa do documentário "Maníaco do Parque: a história não contada", definiu o assassino em série Francisco de Assis Pereira como “mau, perverso, e não vai parar”.
Preso em agosto de 1998, Francisco, que ficou conhecido como o “ Maníaco do Parque ”, matou 11 pessoas, todas mulheres. Condenado a 268 anos de cadeia, ele pode ser solto em 2028, quando completar 60 anos e 30 de cadeia; no sistema de Justiça brasileiro, esse é o tempo máximo que alguém pode ficar preso.
Com o apoio de uma equipe, Thais Nunes passou três anos investigando a história do criminoso, mergulhadas nos processos no Tribunal de Justiça. "Esse crime gerou uma paranoia coletiva. Francisco ficou quase 30 dias foragido e acredito que foi a única vez que o Brasil se deparou com um assassino em série. Ele era midiático e seus crimes são os mais lembrados pelos brasileiros, de acordo com uma pesquisa que fizemos", diz. A entrevista foi feita pelo UOL.
A ideia da produção é restabelecer a memória das mulheres que foram vítimas, que sempre foram tratadas como se tivessem uma parcela de culpa.
Conversa com famílias das vítimas
A jornalista disse que quando entrou na casa do pai de umas das vítimas, ele afirmou que a tinha “esperado por 25 anos”. “Trouxe uma fita VHS que guardou todo esse tempo com uma reprodução simulada da morte de sua filha, baseada na versão de Francisco", completou Thais. No conteúdo, essa mulher foi descrita como alguém que o seduziu, que houve troca de flertes.
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“Nas palavras do pai, doía muito ver a filha retratada como uma idiota, uma mulher fácil. Foi muito emocionante ouvi-lo. É uma responsabilidade imensa trazer para tela suas palavras", contou a pesquisadora.
“Ele é mentiroso, um grande manipulador”
Para a pesquisa, Thais teve acesso a áudios inéditos sobre o caso, como aos de depoimentos de Francisco. "Espero que as revelações nos façam refletir sobre essa soltura iminente dele", afirmou.
A jornalista revelou a preocupação de que Francisco seja solto em poucos anos. "Ele não é o Don Juan do Brás, como a imprensa disse algumas vezes. É perverso, tem um transtorno gravíssimo. É mentiroso, um grande manipulador", diz.
Em alguns áudios, segundo Thais, Francisco admite que não pode sair da cadeia. "Ele diz que não pode. Ele tem noção que não consegue controlar seus instintos, não tem empatia ou qualquer emoção. Vai atrás de seu prazer a qualquer custo", diz Thais.
Canibalismo
A pesquisadora afirma também que ele estava a um passo do canibalismo quando foi preso.
"Ele próprio disse para os psiquiatras que estava com indícios de canibalismo e que provavelmente iria evoluir para antropofagia, algo que já tinha começado. Se ele sair, não tenho a menor dúvida de que voltará a matar", diz a pesquisadora.
Em todos esses anos em que ficou preso, ele não teve acompanhamento psiquiátrico. "Ele passou 30 anos preso sem acompanhamento mental. Não é aceitável e não podemos conceber isso. Ele não toma nenhum remédio controlado, não faz acompanhamento contínuo. Ninguém sabe como está sua mente", reforça a jornalista, que tem esperança de que o documentário traga essa reflexão.
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