Uma testemunha que afirma ter presenciado a discussão entre o motoboy Pedro Figueiredo e o empresário Igor Sauceda, dono do Porsche amarelo, relatou ao g1 que o dono do carro de luxo decidiu perseguir, atropelar e matar o motociclista após a vítima atingir o retrovisor do veículo. O caso ocorreu na última segunda-feira (29) na Zona Sul de São Paulo.
"Eu acompanhei um motoqueiro subindo a [Avenida] Interlagos... chutou o retrovisor da Porsche no farol. O cara da Porsche deu uma ré e foi disparadamente atrás do motoqueiro", falou o caminhoneiro Gustavo Pinheiro, que ainda não prestou depoimento à Polícia Civil, responsável pela investigação do caso.
Segundo o caminhoneiro, Sauceda disparou o carro para tentar alcançar o motociclista.
"A moto saiu na sua velocidade. O carro saiu disparado pra tentar alcançar o rapaz da moto e realmente alcançou", disse ele, que estava dirigindo um caminhão quando viu o atropelamento.
Pinheiro foi até o local do acidente após a colisão e disse que Sauceda não prestou socorro ao motoboy, pois estava mais preocupado com os danos ao retrovisor do carro de luxo.
"E nessa daí, o cara da Porsche tava dando a mínima pro motoqueiro. O cara tava se importando mais com o carro dele", afirmou Gustavo. "Perguntei pra ele: você matou o cara por causa de um retrovisor de um carro? E ele falou que foi uma fechada".
O vídeo em que o caminhoneiro questiona o empresário sobre suas preocupações serem maiores em relação ao carro viralizou nas redes sociais. A polícia acrescentou o vídeo ao grupo de provas, juntamente com outras imagens da batida, e também o depoimento do caminhoneiro e de mais testemunhas para se convencer de que Igor deveria ser preso em flagrante.
O Ministério Público (MP) denunciou Igor pelo crime de homicídio doloso triplamente qualificado por motivo fútil, emprego de meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.
A Justiça ainda não decidiu se acata a denúncia do MP. Caso o fizer, o motorista do Porsche se tornará réu no processo.
Prisão
Igor Sauceda foi preso em flagrante na segunda-feira (29) por homicídio doloso com dolo eventual. A prisão foi convertida em preventiva em audiência de custódia no Fórum da Barra Funda no dia seguinte.
Para a juíza Vivian Brenner de Oliveira, do Tribunal de Justiça de São Paulo, o empresário usou seu carro, um Porsche Cayman amarela, como uma “arma” para perseguir e matar o motociclista.
A magistrada considera que o fato de Saucedo não ter ingerido bebidas alcoólicas “não afasta a gravidade de sua conduta”.
“Pelo contrário, não estando alcoolizado, tomou a decisão clara e consciente de perseguir um motoqueiro desconhecido após este ter danificado o seu retrovisor, o que acresce reprovabilidade à sua conduta delitiva e denota o perigo gerado pelo seu estado de liberdade. Necessária, portanto, a decretação da prisão preventiva como forma de acautelar o meio social e socorrer à ordem pública”, escreveu a juíza.
“As imagens são claras e demonstram que o indiciado utilizou o seu veículo como verdadeira arma.”
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