Preso por torturar e matar um paciente de uma clínica de reabilitação de Cotia , em São Paulo, Matheus de Camargo Pinto afirmou que outros funcionários participaram do crime. A declaração consta em sua confissão, que aconteceu em interrogatório na Delegacia Central de Cotia, e foi obtida pelo g1 nesta quarta-feira (10).
De acordo com Matheus, os funcionários agrediram a vítima, identificada como Jarmo Celestino de Santana , no caminho da casa dele à Comunidade Terapêutica Efata, na última sexta-feira (5). "Os próprios agentes que removeram Jarmo o agrediram no momento de deixá-lo na clínica", informa um dos trechos do interrogatório de Matheus.
Segundo o relato, Jarmo foi internado compulsoriamente porque era usuário de drogas e estava agredindo sua mulher. Matheus afirma que o homem chegou "transtornado psicologicamente" na clínica e precisou ser contido com uso abusivo de força, sendo amarrado em uma cadeira.
Matheus alega que Jarmo foi agredido por ele e outros funcionários no sábado (6) após o paciente tentar bater em outras pessoas internadas. No domingo (7), o homem chegou a ser levado ao Pronto-Socorro de Vargem Grande Paulista por causa de uma lesão no ombro.
Já na segunda-feira (8), conforme relato do detento, Jarmo foi encontrado caído no chão sem responder. Por conta disso, o homem foi levado novamente ao Pronto-Socorro, onde teve sua morte constatada.
De acordo com Matheus, os donos da clínica de reabilitação, Cleber Silva e Terezinha Conceição, ajudaram a conter Jarmo durante o último final de semana. Ambos, porém, negaram qualquer envolvimento com a tortura .
Casos anteriores de maus-tratos
Cleber e Teresinha, proprietários da clínica de reabilitação Comunidade Terapêutica Efata, têm histórico de violência criminal.
Em 2019, o casal foi indiciado por maus-tratos a quatro pacientes adolescentes. O Ministério Público (MP) denunciou que eles ofereciam apenas sopa, salsicha e ovo como alimentação e mantinham os jovens em situação análoga à escravidão. Eles faziam trabalho de pedreiro para ganhar cigarros e doces.
Embora tenham virado réus, não tiveram sentença, pois o crime prescreveu antes do fim do julgamento.
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