A Polícia Federal informou que a venda e operação para trazer as joias sauditas comercializadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de volta ao Brasil tiveram tentativas de esconder o esquema, o que ajudou a corporação a avançar nas investigações.
Os ex-auxiliares de Bolsonaro foram ao exterior resgatar as joias, de acordo com a PF, após a repercussão do caso na mídia e determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) para que os objetos fossem devolvidos ao acervo da Presidência da República.
A PF ainda analisou mensagens que mostram que o ex-presidente e aliados tinham receio de que a venda desses objetos fosse descoberta e de possíveis implicações legais em decorrência da apropriação das joias. O grupo, então, queria esconder os indícios de que elas haviam sido levadas ao exterior e depois vendidas, segundo relatório final do inquérito da PF, divulgado nesta segunda-feira (8).
Segundo o documento, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, deletou mensagens que trocou com Marcelo Câmara, ex-assessor do ex-presidente, falando sobre o "kit ouro branco" — conjunto formado por anel, abotoaduras, rosário islâmico e um relógio da marca Rolex.
Cid, no entanto, havia enviado as mesmas mensagens para outra conta pessoal no WhatsApp, e a PF percebeu que se tratavam de fotos do kit de joias e certificado de autenticidade dos bens.
"O cuidado em excluir as fotos do chat privado demonstra que os investigados não queriam deixar rastros sobre o motivo da conversa", afirma o relatório da PF.
Wassef tentou se esconder atrás de poste
Frederick Wassef, advogado de Bolsonaro, tentou se esconder atrás de um poste para não ser identificado quando viajou à Flórida, nos Estados Unidos, para comprar de volta o Rolex vendido e devolver ao TCU. Ele ainda teria pedido um assento escondido no voo para os EUA para evitar identificação.
"Conforme já relatado, a contextualização das trocas de mensagens entre MAURO CID e MARCELO CAMARA revelou que os investigados estavam preocupados em recuperar os bens. Em um primeiro momento devido à ciência de que a venda de itens do acervo no exterior não era permitida devido à preferência de compra da União. Depois, a preocupação se intensifica devido à matéria publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo em 03 de março de 2023, que provocou decisões do TCU para que os objetos fossem devolvidos ao Estado brasileiro", diz o relatório da PF.
Joias foram vendidas, diz PF
A conclusão da PF no relatório de 476 páginas é que os ex-auxiliares de Bolsonaro venderam as joias e entregaram o dinheiro em espécie para o ex-chefe do Executivo. O documento é assinado pelo delegado responsável pelo caso, Fabio Shor.
No relatório enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do caso, a PF disse inicialmente que o valor estimado dos desvios seria de R$ 25 milhões. Em seguida, o delegado responsável pelo caso retificou a informação e disse que o montante pode chegar a R$ 6,8 milhões.
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