Donos da clínica de reabilitação Comunidade Terapêutica Efata, Cleber Silva e Terezinha Conceição afirmaram que não estavam na clínica no momento de tortura e consequente morte do paciente Jarmo Celestino de Santana na sexta-feira, 5. Essa, porém, não é a primeira vez em que há polêmicas sobre violência na clínica.
Em 2019, iniciou-se uma investigação por maus-tratos e trabalho análogo à escravidão a quatro menores na mesma instituição. Os donos chegaram a ser réus.
Além disso, a clínica opera de maneira ilegal e clandestina. Na terça, 9, foi interditada pela Secretaria da Saúde. Outros pacientes mostram sinais de maus-tratos.
Casos anteriores de maus-tratos
Cleber e Teresinha, proprietários da clínica de reabilitação Comunidade Terapêutica Efata , têm histórico de violência criminal.
Em 2019, o casal foi indiciado por maus-tratos a quatro pacientes adolescentes.
O MP - Ministério Público denunciou que eles ofereciam apenas sopa, salsicha e ovo como alimentação e mantinham os jovens em situação análoga à escravidão. Eles faziam trabalho de pedreiro para ganhar cigarros e doces.
Embora tenham virado réus, não tiveram sentença, pois o crime prescreveu antes do fim do julgamento.
Entenda o caso
Jarmo Celestino de Santana , 55, foi amarrado e espancado até a morte na clínica de reabilitação Comunidade Terapêutica Efata, em Cotia, interior de São Paulo. Saiba mais aqui.
O principal suspeito é o funcionário Matheus de Camargo , 24. Ele gravou cenas do espancamento. No vídeo, cerca de quatro internos aparecem em volta, rindo.
Na segunda, 8, Jarmo foi levado para receber atendimento médico em cidade vizinha de Cotia. Lá, foi declarado morto.
Consequências para Matheus, que fez o vídeo
O Estado ainda não julgou Matheus como culpado, mas ele é o principal suspeito pelas provas. A primeira evidência foi um áudio enviado por ele para um amigo:
“Cobri no cacete, cobri... Chegou aqui na unidade... Pagar de brabo... Cobri no pau. Tô com a mão toda inchada.”
Adair Marques Correa Junior , delegado encarregado, disse que Matheus admitiu em depoimento que usou força para conter o paciente, e confessou gravar o vídeo. Não se manifestou sobre o áudio, mas o policial confirma a voz dele.
Matheus foi preso em flagrante, mas permanece em detenção preventiva. Ele não tem prazo para sair.
O que dizem os donos da clínica?
Terezinha Azevedo , advogada dos donos da clínica, disse que Matheus é ex-dependente químico e pediu emprego no local. Trabalhava lá havia uma semana.
Ela negou que seus clientes soubessem das atitudes de Matheus, e estão abalados. Se recusaram a comentar o caso.
"Nunca aconteceu nada disso [agressão anterior]. Esse Matheus, não estava escrito na testa dele que ele era torturador, né? Ele quer tirar a culpa dele. Ele agride um paciente até a morte e não assume."
Eles também negam ilegalidade e clandestinidade da clínica.
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