Quatro das 10 vítimas do incêndio em uma pousada na região central de Porto Alegre (RS) que deixou outras 13 pessoas feridas na madrugada de sexta-feira (26) foram enterradas sem a presença de familiares e amigos. O enterro aconteceu neste sábado (27), na Zona Norte da capital.
Essas vítimas moravam na pousada, que era destinada para pessoas de baixa renda ou em situação de vulnerabilidade social. Muitas das pessoas que viviam no local estavam em situação de rua.
Como os corpos foram carbonizados no incêndio, os caixões foram deixados fechados. O velório foi custeado pelo dono de uma funerária da cidade, que fez a doação da cerimônia, e os túmulos foram providenciados pela prefeitura.
Apesar da falta de familiares, alguns representantes de movimentos sociais que trabalham com a defesa da população em situação de rua compareceram ao cemitério para prestar condolências.
Além deles, o secretário do Desenvolvimento Social de Porto Alegre também participou da cerimônia.
O caso
Um incêndio em uma pousada na região central de Porto Alegre matou 10 pessoas e deixou outras 13 feridas na madrugada desta sexta-feira (26). As chamas foram controladas por volta das 5h de sexta e o corpo da décima vítima foi encontrado no terceiro andar do edifício durante a varredura dos bombeiros pela manhã do mesmo dia.
A pousada fica na Avenida Farrapos, entre as ruas Garibaldi e Barros Cassal, no sentido Centro-bairro. A causa do incêndio ainda não foi descoberta. Segundo os bombeiros, o fogo se alastrou rapidamente entre os quartos, que eram muito próximos. Veja aqui fotos de como era o interior da pousada antes do incêndio.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, a Pousada Garoa estava funcionando irregularmente, não tinha alvará ou plano de proteção contra incêndio.
Contrato milionário
Ainda, a Pousada Garoa tem um contrato com a prefeitura de Porto Alegre, que foi renovado em dezembro de 2023, custando R$ 225.448,33 mensais aos cofres públicos, totalizando R$ 2,7 milhões por ano.
Em conversa com jornalistas em frente à pousada nesta sexta-feira, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), disse que "a prefeitura vai aportar todos os documentos que tem lá na Fasc [Fundação de Assistência Social e Cidadania da Prefeitura]" para verificar o caso.
"Esse convênio é com uma empresa privada, que não acolhe só moradores em situação de rua, mas tem contratos com a prefeitura, ganhou uma licitação. Isso não vem de hoje, vem lá de 2017", disse ele.
Questionado sobre a falta de alvarás pelo estabelecimento, o prefeito disse que os documentos foram apresentados no momento da licitação, mas que, "entre o papel e a realidade, sempre há uma diferença muito grande".
"Nós vamos ter que revisar ou talvez romper esse convênio com eles. Ao longo do dia, vamos tomar a decisão, mas provavelmente eu caminhe nessa direção de romper com eles", disse Melo.
O prefeito afirmou que ainda precisa checar se as vagas que a prefeitura comprou com a Pousada Garoa eram para essa unidade que pegou fogo, já que se trata de uma rede de pousadas.
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