Segundo o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos, 30 mil cidadãos brasileiros tenham sido monitorados de forma ilegal pela Agência Brasileira de Informações (Abin) durante o governo Jair Bolsonaro (PL) por meio do software espião FirstMile, que armazena seus dados em Israel.
"Estima-se em torno de 30 mil pessoas, [foram monitoradas] clandestinamente, ou seja, de maneira ilegal", disse o chefe da PF em entrevista ao Estúdio i, da rede de TV por assinatura Globonews no dia 4 de janeiro de 2024. "Esses dados de monitoramento dos cidadãos brasileiros estavam armazenados em nuvens em Israel, porque a empresa responsável por essa ferramenta é israelense."
Nesta quinta-feira (25), a PF está fazendo buscas contra o ex-diretor-geral da Abin, deputado federal Alexandre Ramagem (PL) – que é amigo e aliado político da família Bolsonaro – e outros servidores da Abin, suspeitos de envolvimento com a espionagem ilegal. O diretor-geral da corporação também informou que os alvos eram opositores do governo do ex-presidente: rivais políticos, jornalistas, juízes, professores e sindicalistas.
Andrei Passos explicou que o FirstMile consegue monitorar celulares por meio do GPS, invadindo os aparelhos, o que permitia saber onde essas pessoas estavam em tempo real e com quem elas se encontravam.
“[A ferramenta] permite o rastreio mediante a invasão dos aparelhos, não é apenas monitoramento de antena. Ou seja, há monitoramento telefônico de sinais que apontam a localização exata que essas pessoas estão. E aí, a partir de cruzamento de informações [...] posso concluir que eles se encontraram em determinado momento e em determinadas circunstâncias. Portanto, isso traz uma série de consequências."