O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ)
Divulgação: PF
O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ)

Alvo de  busca e apreensão nesta quinta-feira (25), o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e deputado federal Alexandre Ramagem  (PL-RJ) também é ex-delegado da Polícia Federal (PF). Ele foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para liderar a PF, mas teve sua nomeação impedida por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por conta da proximidade dele com a família do ex-presidente. Em 2022, Ramagem foi eleito deputado federal pelo RJ. 

Ramagem ingressou na PF como delegado em 2005 e foi responsável pela segurança de Jair Bolsonaro durante a campanha de 2018, após o atentado em Juiz de Fora (MG), no qual Bolsonaro foi esfaqueado. A partir desse momento, estabeleceu uma proximidade com a então família presidencial. Ramagem dirigiu a Abin de julho de 2019 a março de 2022.

Comando da Polícia Federal

A posse de Alexandre Ramagem na Polícia Federal foi suspensa, apesar de sua nomeação para o cargo ter sido oficializada no Diário Oficial da União em 28 de abril de 2020. No entanto, no dia seguinte, o ministro Alexandre de Moraes decidiu suspender a nomeação poucas horas antes da cerimônia de posse, em resposta a uma ação movida pelo PDT.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) também apresentou uma ação popular para impedir a posse de Ramagem, e a Rede Sustentabilidade entrou com uma ação na Justiça Federal de Brasília.

Após a suspensão da nomeação por Moraes, o então presidente Bolsonaro revogou o decreto que nomeava Ramagem como diretor-geral da PF. Mesmo assim, Bolsonaro afirmou no mesmo dia estar certo de que a realização do sonho dele, Bolsonaro, de ter Ramagem como diretor da PF, aconteceria em breve, para o benefício da PF e do Brasil.

Amizade com Bolsonaro

No Réveillon de 2019, Ramagem foi fotografado ao lado de Carlos Bolsonaro, filho do presidente, durante a comemoração.

"Ele ficou novembro e dezembro, praticamente, na minha casa. Dormia na casa da vizinha, tomava café comigo, aí tirou fotografia com todo mundo. Foi no casamento de um filho meu... Não tem nada a ver a amizade dele com o meu filho, meu filho conheceu ele depois. E eu confio, passei a acreditar no Ramagem, conversava muito com ele, trocava informações. Demonstrou ser uma pessoa da minha confiança, então a partir do momento que eu tenho uma chance de indicar alguém para a PF, por que não o indicaria?", questionou Bolsonaro na época.

Em março de 2019, no início do mandato de Bolsonaro, Alexandre Ramagem foi nomeado assessor do então ministro Santos Cruz na Secretaria de Governo, localizada no Palácio do Planalto. Permaneceu na secretaria como assessor do novo ministro, Luiz Eduardo Ramos, após a demissão de Santos Cruz em junho de 2019.

Em julho do mesmo ano, Ramagem foi escolhido por Bolsonaro para ser o diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), vinculada ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, chefiado pelo ministro Augusto Heleno. De acordo com o GSI, a Abin produz informações para embasar decisões do presidente de forma rápida.

Na cerimônia de posse, Bolsonaro se referiu a Ramagem como "um amigo que conheci há pouco tempo". Ramagem deixou a Abin em março de 2022 para concorrer à Câmara dos Deputados, sendo eleito pelo PL com 59 mil votos.

Na Polícia Federal, Ramagem comandou as divisões de Administração de Recursos Humanos e de Estudos, Legislações e Pareceres, e atuou na área de coordenação de eventos como a Copa do Mundo de 2014, a Olimpíada de 2016 e a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente.

Polêmica ao assumir a PF por um dia

Alexandre Ramagem foi indicado para o comando da Polícia Federal em 2020 após o presidente Bolsonaro demitir o então diretor-geral, Maurício Valeixo, o que levou à saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça, ao qual a PF está subordinada.

A demissão de Valeixo resultou em acusações de interferência política de Bolsonaro na PF por parte de Moro, que exibiu mensagens como prova. Moro alegou que Bolsonaro tentou intervir na PF, enquanto o então presidente negou e afirmou que a mudança foi justificada. Alexandre de Moraes, do STF, ordenou a permanência das equipes da PF em inquéritos sob sua presidência, mesmo com a mudança no comando.

A nomeação de Ramagem foi criticada por gerar dúvidas sobre a imparcialidade da PF, acusando o governo de buscar transformá-la em uma polícia política.

Delegados internos ressaltaram a importância de manter a independência da PF, destacando que ela é uma instituição de polícia judiciária da União, não uma agência de inteligência como a Abin. Eles afirmaram que investigações sensíveis exigem autorização judicial para acesso aos dados, preservando o caráter legal e imparcial da instituição.

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