O Shopping RioMar é um centro de compras luxuoso localizado na zona sul do Recife
Vinicius Lubambo
O Shopping RioMar é um centro de compras luxuoso localizado na zona sul do Recife


Um adolescente negro de 17 anos foi impedido por seguranças de entrar no Shopping RioMar, centro comercial localizado no bairro do Pina, Zona Sul do Recife, na última quinta-feira (21). 

No dia seguinte a vítima, que se chama Mayck Raphael, fez um boletim de ocorrência no Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA) da Polícia Civil de Pernambuco, que está investigando a ocorrência como um caso de racismo.


O jovem estava junto de seu irmão, que tem 13 anos, e pretendia fazer a troca de peças de roupa quando foi barrado por seguranças terceirizados pelo shopping através da empresa SegurPro, que não permitiram que os adolescentes subissem as escadas rolantes que dão acesso às lojas. 

O próprio Mayck, então, começou a filmar o ocorrido enquanto questionava, várias vezes, a razão de ser a única pessoa proibida de subir as escadas, enquanto outras pessoas passavam e podiam acessar o centro de compras normalmente. "Por que eles podem subir e eu não posso? O que é que eles têm de diferente de mim?", perguntou o adolescente, sem receber uma resposta. 


Em um dado momento do vídeo, um quarto funcionário do shopping, que seria um supervisor da segurança, afirma que os jovens não poderiam subir por conta da Lei Miguel, que proíbe o acesso de crianças menores de 12 anos de usar elevadores sem a supervisão de adultos. 

A Lei Miguel foi criada depois que Miguel Otávio, um menino negro de apenas 5 anos, morreu ao ser abandonado sozinho num elevador , se pendurar no parapeito e cair do 9º andar do prédio de luxo Píer Maurício de Nassau (conhecido como Torres Gêmeas), onde moravam os patrões de sua mãe , Sérgio Hacker, então prefeito da cidade de Tamandaré-PE, e Sarí Corte Real .

O argumento de aplicação da Lei Miguel não faz o menor sentido nesse caso, visto que o irmão de Mayck tem 13 anos, estava acompanhado e ambos tentavam usar uma escada rolante, não um elevador. 

Após a repercussão do caso de racismo, o Shopping RioMar publicou uma pequena nota sobre o que aconteceu com Mayck. 

“Sobre a ocorrência envolvendo um jovem e um terceirizado, verificamos as imagens e estamos tomando as medidas internas cabíveis. A atuação foi inadequada e, por isso, o contratado já foi afastado das funções. Pedimos desculpas”, diz a resposta do shopping, sem especificar qual dos seguranças que aparecem nas imagens foi afastado, nem se os demais sofreram alguma punição por sua atitude.

O iG entrou em contato com a SegurPro, empresa terceirizada à qual estão ligados os seguranças que trabalham no Shopping RioMar. A empresa informou que "está ciente do ocorrido e está à disposição das autoridades para os devidos esclarecimentos e que adotará as medidas que forem cabíveis após a apuração do caso".

Além disso, a SegurPro reiterou que "repudia qualquer tipo de discriminação e desempenha suas atividades respeitando a legislação em vigor", e reforçou que sua política interna "promove o respeito aos direitos humanos como elemento essencial no desenvolvimento de suas atividades e aplica em suas práticas os direitos previstos na Declaração Universal de Direitos Humanos da ONU".

Não é a primeira vez 

Em setembro deste ano de 2023, um caso semelhante, ocorrido no mesmo shopping, terminou com a prisão de um segurança pela prática do crime de racismo. 

No último dia 6 de setembro um segurança que trabalhava na Loja Riachuelo do Shopping RioMar acusou injustamente um cliente negro de ter roubado meias.

A vítima, um homem chamado Irenildo Florêncio, acionou a Polícia Militar. O segurança foi preso em flagrante, mas conseguiu o direito de responder pelo crime em liberdade após a audiência de custódia. 

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