Nos últimos dias, após uma onda de arrastões em uma das principais avenidas de Copacabana, no Rio de Janeiro, vídeos de grupos de pessoas que se autodenominaram "justiceiros" começaram a circular pelas redes sociais. Eles se dividem para "caçar" quem pratica roubos na região.
Esta, no entanto, não é a primeira vez que esses grupos aparecem e praticam esse tipo de ação no Rio. Em 2014 e 2015, diversos bairros também passaram pelo mesmo.
Em 2014, muitos casos foram registrados, como o de um adolescente de 15 anos que foi torturado e preso nu em um poste, com tranca de bicicleta no pescoço, no Aterro do Flamengo. O menor tinha três passagens pela polícia e relatou, à época, ter sido agredido por cerca de 30 homens, sendo que um deles estava armado com pistola.
No mesmo ano, um adolescente de 17 anos tentou roubar um cordão de uma mulher, mas acabou sendo perseguido e detido por comerciantes em Copacabana. Ele relatou ter sido agredido e que teve os pés amarrados com barbantes.
Em 2015, os casos continuaram. Naquele ano, vídeos mostrando a ação de pessoas agredindo suspeitos de furtos na Zona Sul do Rio circularam pelas redes sociais. Em um dos casos, imagens registraram a agressão em horários de tumultos de ônibus lotados de jovens que voltavam da praia.
Os flagrantes haviam sido registrados em um domingo de um fim de semana que foi marcado por casos semelhantes aos que aconteceram nos últimos dias, de furtos e arrastões.
Nas últimas semanas, após casos de assaltos com agressões físicas em Copacabana, moradores do bairro voltaram a recriar um grupo de 'justiceiros', na tentativa de expulsar criminosos do bairro. Imagens de câmeras de segurança mostram grupos agredindo jovens que foram apontados como ladrões.
Os casos começaram a ser registrados especialmente após o ataque sofrido por um idoso de 67 anos no último domingo (3). Na ocasião, ele foi agredido e roubado por um grupo de jovens e, após levar um soco no rosto, desmaiou. Ele se tornou alvo dos bandidos após tentar defender uma mulher que seria assaltada.
Antes disso, em 19 de novembro, um fã da cantora Taylor Swift foi morto a facadas na praia de Copacabana, vítima de latrocínio. Dois dos suspeitos do crime haviam sido presos por furto, mas foram soltos em audiência de custódia horas antes do crime.
A Polícia Civil informou que "tomou conhecimento da situação" envolvendo os 'justiceiros' e que "diligências estão em andamento para identificar os envolvidos e esclarecer os fatos".
Nas redes sociais, os que apoiam os chamados ' justiceiros ' afirmam que os moradores do bairro estão desprotegidos nas ruas e fazem publicações incentivando que as pessoas façam "justiça com as próprias mãos".
"Proponho a criação de um grupo de Whatsapp gigante, capaz de criar pelotões de acordo com a disponibilidade de cada integrante. Objetivo: colocar ordem em Copacabana!", escreveu um dos moradores de Copacabana em postagem no Facebook . "A proposta não é bater aleatoriamente, muito menos causar medo ou insegurança, é mostrar quem manda no bairro."
Em outra postagem, feita pelo professor de Jiu-jítsu e dono de uma academia na região Fernando Pinduka, ele escreveu estar "indignado com os últimos episódios ocorridos em Copacabana, agressões e covardias comandadas por vagabundos, assaltantes e desordeiros contra pessoas de bem".
Na publicação, ele apoiou a ação dos 'justiceiros' e ainda convocou os seguidores para o que chamou de "limpeza".
"Seria fantástico um engajamento das academias e de lutadores da localidade participando dessa ideia, abraçando o projeto de limpeza em Copacabana", afirmou.
A Polícia Militar disse que "equipes da corporação seguem atuando nas ruas e prenderão em flagrante qualquer envolvido em crimes na região" e que "vem aplicando esforços para reduzir os índices criminais, incluindo o furto a estabelecimentos comerciais e pessoas".