Um menino de apenas três anos caiu do quarto andar do prédio em que mora com a família na Rua do Hospício, no centro do Recife, na última terça-feira (6).
Segundo informações preliminares, a criança estava sozinha no apartamento quando se desequilibrou, caiu e foi socorrida por vizinhos ao Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip).
Em seguida, o menino foi transferido para o Hospital da Restauração, onde passou por uma cirurgia e segue internado, em estado grave, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
De acordo com o boletim médico mais recente, a vítima deu entrada no hospital com politrauma, foi intubada e está sendo acompanhada por uma equipe multiprofissional.
O menino teria sido deixado sozinho por sua mãe, e o pai soube do acidente ao retornar depois de ter saído para buscar sua outra filha na escola.
A Polícia Civil de Pernambuco informou que instaurou um inquérito e deu início às diligências que apuram o acidente. Segundo o Código Penal Brasileiro, o crime de abandono de incapaz se carateriza quando uma pessoa que está sob cuidado, guarda, vigilância ou autoridade de terceiros é abandonada e, por qualquer motivo (como a pouca idade, por exemplo) é incapaz de defender-se de riscos a que está exposta.
Em entrevista concedida à TV Jornal, a madrinha da criança, que não quis se identificar, contou que o menino estava dormindo, acordou sozinho com a porta trancada e acabou se pendurando numa janela grande que não tem nenhum tipo de proteção.
“Ele foi pra janela chamando ‘papai, papai’, e minha mãe, que mora no terceiro andar, olhou e disse ‘fica aí, não desce não’. Quando minha mãe olhou de novo, o menino já pulou. Minha mãe botou a mão por fora da janela para tentar pegar ele, mas não conseguiu, e foi aí que ele caiu.”
Habitação precária
O prédio de onde a criança caiu está abandonado, e no passado abrigou a sede do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na cidade.
Diante do alto déficit habitacional da capital pernambucana, diversas famílias que fazem parte do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto de Pernambuco (MTST-PE) por não terem onde morar ocuparam a antiga construção, apesar da falta de condições adequadas do edifício.
De acordo com Lídia Brunes, representante do MTST Pernambuco, o menino mora com os pais e dois irmãos na ocupação há cerca de um ano.
Ela contou que a mãe tinha ido ao térreo e estava voltando ao apartamento quando o menino acordou e foi procurar pela família.
“Foi nesse momento de tempo, entre uma coisa e outra, que a criança acordou e teve esse acidente. As crianças não ficam sozinhas. Os pais cuidam delas na ocupação e a gente preza, inclusive, muito por isso.”