Na esteira da escalada da violência em Copacabana nas últimas semanas, grupos de autodenominados "justiceiros" têm ressurgido para enfrentar os ladrões no Rio de Janeiro.
Como ocorreu em 2015, os participantes desses grupos, coordenados por meio de aplicativos de mensagens, se organizam em patrulhas para "caçar" os responsáveis pelos roubos na região.
Equipados com pedaços de pau, tacos de beisebol e até soco-inglês, acompanhados por homens armados, um contingente composto majoritariamente por praticantes de jiu-jitsu e outros autodenominados "bad boys" tomou a decisão de agir de maneira independente.
Em prints de mensagens divulgadas nas redes, um participante do movimento expressou que tinha a ideia de "deixar esses vermes pelados na pista, amarrar no poste de exemplo" e passar uma fita "igual múmia". Outro responde que a ação seria "perder muito tempo", e que o objetivo seria "arrebentar e sair".
A motivação teria sido o espancamento de Marcelo Rubim Bechimol, de 67 anos, no último sábado (2), após tentar socorrer uma mulher atacada pelos assaltantes. Segundo mensagens e vídeos divulgados nas redes sociais, as "rondas" já estão em andamento.
O grupo declara que a intenção é "patrulhar" as ruas, visando o confronto físico com os criminosos, além de ser uma medida para enviar mensagem de que a comunidade não vai tolerar a violência de forma impune.
Vídeos compartilhados no X (antigo Twitter) documentam as ações desses homens, que se organizaram em grupos de WhatsApp, percorrendo as ruas com roupas pretas, escondendo tatuagens e sob a recomendação de levar "máscaras de covid" para esconder o rosto.
Alta nos índices de violência
Segundo dados do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ), com informações sobre os registros na 12ª Delegacia de Polícia Civil, entre janeiro e outubro de 2022 e 2023, Copacabana testemunhou um aumento significativo nos indicadores de roubo e furto.
Em 2022 foram registrados 3.978 furtos no bairro; 2023 já conta com 4.914 ocorrências. Ao todo, Copacabana viu o total de furtos subir 23%, em um ano.
A Polícia Civil divulgou, em nota, que "tomou conhecimento da situação" e que "diligências estão em andamento para identificar os envolvidos e esclarecer os fatos".