A Polícia Federal iniciou nova fase da “Operação Lesa Pátria”, na manhã desta sexta-feira (29) , com o objetivo de apurar a participação de integrantes das Forças Armadas nos atos golpistas de 8 de janeiro.
O alvo principal desta 18ª fase da operação é o general da reserva Ridauto Lúcio
Fernandes, ex-integrante das Forças Especiais do Exército e ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde durante o governo Jair Bolsonaro (PL).
O general foi visto participando da invasão ao Palácio do Planalto durante o episódio, onde gravou um vídeo relatando o uso de gás lacrimogêneo pela Polícia Militar. As autoridades suspeitam que Fernandes e outros membros de Forças Especiais do Exército tenham participado das invasões às sedes dos Três Poderes.
Hoje pela manhã, agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão em sua residência, em Brasília, e suas contas bancárias foram bloqueadas. Os danos causados ao patrimônio público foram estimados em R$ 40 milhões.
Imagens coletadas nas investigações indicam a atuação de indivíduos mascarados, habilmente abrindo caminho pelo teto do Congresso Nacional, sugerindo conhecimento prévio do local e treinamento específico, pois a ação dos primeiros invasores contam com uso de balaclava e luvas. Eles abriram a passagem para o restante dos vândalos pelo teto do Congresso Nacional, na parte que dá acesso ao ao plenário da Casa.
A nova fase da operação representa um esforço para identificar e responsabilizar os supostos integrantes das Forças Especiais do Exército envolvidos nos ataques, com a investigação considerando Fernandes não apenas como um executor, mas também como um possível idealizador dos atos golpistas.
Quais eram os objetivos dos atos golpistas de 8 de janeiro
● O plano incluía a queda do governo de Luiz Inácio Lula da Silva;
● O fechamento do Congresso Nacional;
● O afastamento, e até mesmo a prisão, de ministros do Supremo Tribunal Federal
(STF).
Conheça a trajetória do ex-general Ridauto Fernandes
A trajetória de Ridauto Fernandes no Exército foi marcada por sua ascensão ao posto de general de brigada do Exército. No entanto, ele decidiu se aposentar depois de não ter sido promovido à terceira estrela.
Fernandes se formou na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em 1987, na mesma turma do general Gustavo Dutra e do coronel Adriano Camargo Testoni, que foi indiciado pelo próprio Exército por criticar o Alto Comando durante as invasões aos Poderes.
Ele também ocupou posições de liderança no Comando de Operações Especiais do Exército, em Goiânia, o principal centro de formação e emprego das tropas de elite. Como general, também comandou a 7ª Brigada de Infantaria Motorizada em Natal.
No decorrer de sua carreira militar, Ridauto escolheu especializar-se como “Kids Pretos”, termo usado para descrever os militares que passam pelos cursos das Forças Especiais, uma unidade de elite do Exército.
Nos anos de 2017 e 2018, Fernandes liderou uma operação de Garantia da Lei e da Ordem no Rio Grande do Norte, sendo responsável pelo controle da Secretaria de Segurança Pública do estado.
Ridauto é um dos poucos militares brasileiros a receber a medalha do “Pacificador com Palma”, honraria concedida pelo Exército a militares e civis que se destacaram por atos de abnegação, coragem e bravura, que muitas vezes arriscam suas próprias vidas pela nação.