STF decidirá se Zambelli vai virar ré por perseguir com arma de fogo homem negro
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STF decidirá se Zambelli vai virar ré por perseguir com arma de fogo homem negro


A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) processou por difamação o jornalista Luan Araújo, 32, que foi perseguido e ficou sob a mira da arma da parlamentar na véspera do segundo turno da disputa presidencial de 2022.

Ela acusou Luan após a publicação de um texto assinado por ele no site Diário do Centro do Mundo , alegando que com ou sem perda do mandato, o mal que a parlamentar lhe fez “segue impune”. 

“Zambelli, que diz estar com problemas, na verdade está na crista da onda. Continua no partido pelo qual foi eleita, segue com uma seita de doentes de extrema-direita que a segue incondicionalmente e segue cometendo atrocidades atrás de atrocidades”, diz um trecho do texto assinado por Luan Araújo.

O jornalista também alega que sofreu “diversos ônus” e viu sua vida pessoal “virar de cabeça para baixo” após ter sido perseguido por Zambelli com uma arma em punho.

“Se essa gente não conseguiu me ferir com uma arma de fogo, me feriu de diversas formas. Me constrangeram, me ridicularizaram. Me apontaram como um ‘negro qualquer’, como ela mesma fala no vídeo”, disse o jornalista.

O juiz Fabricio Reali Zia, da Vara do Juizado Especial Criminal de São Paulo, pediu a realização de uma audiência preliminar sobre o caso, mas já solicitou a remoção do texto em 48 horas (contando a partir da notificação do jornalista) antes mesmo de haver uma decisão final. Até o momento, a postagem segue no ar.

Na determinação da última sexta-feira (28), o juiz apontou o que ele enxerga como um "excesso de linguagem na matéria jornalística", alegando que  "tratam-se de acusações que, em tese, ferem a honra subjetiva e objetiva da querelante e, portanto, neste momento processual, ultrapassam os limites da narração crítica acerca de um desentendimento ocorrido entre as partes".



Relembre o caso 

Aliada do ex-presidente Bolsonaro, Zambelli foi filmada perseguindo e apontando sua arma para o jornalista Luan Araújo, que é negro, um dia antes do segundo turno das eleições, na esquina da rua Joaquim Eugênio de Lima com a alameda Lorena, em São Paulo.

A deputada alega que estava se defendendo após ter sido agredida e empurrada por Luan, mas as imagens revelam que Zambelli caiu sozinha, sem ter sido empurrada.

Em 20 de dezembro de 2022, o ministro do STF, Gilmar Mendes, determinou que Zambelli entregasse a pistola que usou na perseguição ao jornalista, atendendo a um pedido da Procuradoria Geral da República (PGR). 

Sete dias depois, a deputada entregou a pistola Taurus G3C, e as munições, à superintendência da Polícia Federal em São Paulo.

O julgamento que pode tornar Carla Zambelli ré por perseguição armada está marcado no STF para o mês de agosto, entre os dias 11 e 21, em plenário virtual.

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