Um em cada três veículos parados na blitz da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante as eleições, em outubro do ano passado, foi abordado no Nordeste, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liderava em votos em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A PRF parou 2.887 veículos no Nordeste em fiscalizações de equipamentos obrigatórios e identificação veicular, segundo o jornal O Globo , que obteve os dados por meio da Lei de Acesso à Informação.
Já no Sudeste, a PRF abordou 2.543 veículos.
De acordo com o Ministério do Transporte, apensar de o Nordeste concentrar a maioria das ações da polícia, a região tem somente 17,9% da frota veicular do país. Enquanto isso, o Sudeste tem 47,8%.
No total, 9.133 veículos foram abordados em todo o país.
Números anteriores afirmavam que a PRF havia fiscalizado 2.185 ônibus no Nordeste, contra 571 no Sudeste, entre os dias 28 e 30 de outubro, vésperas e dia do segundo turno das eleições. Os dados são parte de um relatório do Ministério da Justiça entregue à Controladoria Geral da União (CGU).
O ex-diretor-geral da PRF Silvinei Vasques é investigado pela Polícia Federal em um inquérito sobre as blitz nas eleições. Ele foi indicado ao cargo pelo senador Flávio Bolsonaro (PL) em 2021 e, quando ainda estava à frente da PRF, pediu votos para Bolsonaro em postagens nas redes sociais.
"As operações, e foram inúmeras, foram, segundo o diretor-geral da PRF, que veio ao TSE explicar a questão, realizadas com base no código de trânsito brasileiro, ou seja, um ônibus com pneu careca, por exemplo, era abordado. Isso retardou a chegada dos eleitores aos seus pontos eleitorais, mas em nenhum caso impediu os eleitores de chegarem aos destinos", disse o ministro Alexandre de Moraes antes do fechamento das urnas no segundo turno das eleições.
“Segundo o diretor (da PRF) foi essa questão de interpretação, foram somente feitas intervenções em veículos sem condições de transitar, mas em nenhum momento esses ônibus retornaram à origem, mas seguiram ao destino final”, acrescentou.
Blitz nas eleições
Durante o 2º turno das eleições do ano passado, alguns agentes da PRF efetuaram blitz e bloqueios nas rodovias, o que atrasava ou impossibilitava a chegada dos eleitores nos pontos de votação. Na época, o presidente Lula já apresentava vantagem em relação ao adversário, Jair Bolsonaro.
A PRF retornou com as investigações após encontrar lacunas técnicas na apuração anterior, além dos novos fatos relacionados com a antiga gestão. A corporação passou por uma mudança de corregedor, após a exoneração de Wendel Benevides Matos.
A corporação promoveu investigações internas sobre as ações.