O resgate foi feito no dia 6 de junho, pelo Ministério do trabalho e Emprego
Reprodução/TV Bahia/Carta Capital - 24.05.2023
O resgate foi feito no dia 6 de junho, pelo Ministério do trabalho e Emprego

No dia 6 de junho, o  Ministério do Trabalho e Emprego ( MTE ) promoveu o resgate de um trabalhador rural que estava em situação  análoga à escravidão , em Conceição da Barra de Minas, em  Minas Gerais. As autoridades afirmam que o homem não recebia salário, além de não ter itens básicos na moradia, como banheiro, chuveiro elétrico e geladeira.

A vítima de 58 anos é chamado pelos familiares de Nelson , e teria trabalhado para o empregador a no mínimo 16 anos, realizando serviços rurais. 

Segundo entrevista dada ao jornal Folha de S.Paulo, o advogado do  empregador informou que a notícia está sendo passada de forma que não condiz com os fatos. "Assim, os devidos esclarecimentos já estão sendo prestados aos órgãos competentes, evitando-se injustos julgamentos prévios", completou.

O auditor fiscal do  MTE , Luciano Rezende, afirma que os direitos da vítima foram usurpados, não tendo nem a chance de adquiri-los, uma vez que Nelson não recebia salário. 

Nelson cedeu uma entrevista à Folha de S.Paulo, em que explicava como era a situação em que vivia. Segundo ele, o  empregador era amigo de infância, e teria o contratado em 2007, para que realizasse serviços de campo. Inicialmente, era pago um salário de R$ 90, com ele "pagando até mais". 

Depois de um tempo, o  empregador ofereceu que o trabalho fosse pago com compras no mercado, com  Nelson fazendo a lista e ele levando os itens com a promessa do "depois a gente acerta".

O senhor de 58 anos disse que a fazenda era cerca de uns 40 minutos a pé de onde morava na cidade. Lá, não tinha água encanada, com ele tendo que ir pegar água com um latão em um córrego, para depois ferver no fogão à lenha e tomar banho.

A auditoria levanta que o barracão não possuía nenhum banheiro ou itens de uso pessoal.  Nelson diz que o  empregador chegou a pensar em fazer um banheiro, mas que desistiu por problemas na obra, pedindo para que caso necessário, ele voltasse para casa e usasse, coisa que  Nelson não fazia pela distância.

Ele diz que também cozinhava diariamente no fogão à lenha, uma vez que não tinha como armazenar a comida. As carnes eram mantidas na gordura, para que não estragassem.

Os auditores informaram que o  empregador teria aberto um cadastro de  Nelson no programa Auxílio Brasil, no final de 2022, e também uma conta conjunta no banco, que foi aberta em março deste ano. Ele teria recebido uma pequena quantia de dinheiro, com o restante sendo depositado na conta compartilhada.

Além disso, foi reportado que próximo ao local, estava estacionada uma Volkswagen Saveiro Cross, que está no nome de Nelson . Segundo ele, após a compra do veículo, o  empregador manteve retido os documentos de Nelson , como o CPF e o RG.

Ao todo, os auditores analisam que  Nelson tenha recebido menos de 5% do que tem direito.

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