No dia 6 de junho, o Ministério do Trabalho e Emprego
( MTE
) promoveu o resgate de um trabalhador rural
que estava em situação análoga à escravidão
, em Conceição da Barra de Minas, em Minas Gerais.
As autoridades afirmam que o homem não recebia salário, além de não ter itens básicos na moradia, como banheiro, chuveiro elétrico e geladeira.
A vítima de 58 anos é chamado pelos familiares de Nelson , e teria trabalhado para o empregador a no mínimo 16 anos, realizando serviços rurais.
Segundo entrevista dada ao jornal Folha de S.Paulo, o advogado do empregador informou que a notícia está sendo passada de forma que não condiz com os fatos. "Assim, os devidos esclarecimentos já estão sendo prestados aos órgãos competentes, evitando-se injustos julgamentos prévios", completou.
O auditor fiscal do MTE , Luciano Rezende, afirma que os direitos da vítima foram usurpados, não tendo nem a chance de adquiri-los, uma vez que Nelson não recebia salário.
Nelson cedeu uma entrevista à Folha de S.Paulo, em que explicava como era a situação em que vivia. Segundo ele, o empregador era amigo de infância, e teria o contratado em 2007, para que realizasse serviços de campo. Inicialmente, era pago um salário de R$ 90, com ele "pagando até mais".
Depois de um tempo, o empregador ofereceu que o trabalho fosse pago com compras no mercado, com Nelson fazendo a lista e ele levando os itens com a promessa do "depois a gente acerta".
O senhor de 58 anos disse que a fazenda era cerca de uns 40 minutos a pé de onde morava na cidade. Lá, não tinha água encanada, com ele tendo que ir pegar água com um latão em um córrego, para depois ferver no fogão à lenha e tomar banho.
A auditoria levanta que o barracão não possuía nenhum banheiro ou itens de uso pessoal. Nelson diz que o empregador chegou a pensar em fazer um banheiro, mas que desistiu por problemas na obra, pedindo para que caso necessário, ele voltasse para casa e usasse, coisa que Nelson não fazia pela distância.
Ele diz que também cozinhava diariamente no fogão à lenha, uma vez que não tinha como armazenar a comida. As carnes eram mantidas na gordura, para que não estragassem.
Os auditores informaram que o empregador teria aberto um cadastro de Nelson no programa Auxílio Brasil, no final de 2022, e também uma conta conjunta no banco, que foi aberta em março deste ano. Ele teria recebido uma pequena quantia de dinheiro, com o restante sendo depositado na conta compartilhada.
Além disso, foi reportado que próximo ao local, estava estacionada uma Volkswagen Saveiro Cross, que está no nome de Nelson . Segundo ele, após a compra do veículo, o empregador manteve retido os documentos de Nelson , como o CPF e o RG.
Ao todo, os auditores analisam que Nelson tenha recebido menos de 5% do que tem direito.