O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou nesta segunda-feira (23) que a Polícia Federal (PF) entregue uma cópia da minuta de um decreto com teor golpista ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O documento foi encontrado na casa do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres.
A minuta previa uma intervenção em estado de defesa no TSE para investigar as interferências do tribunal nas eleições de 2022. O decreto abriria brecha para a mudança no resultado do pleito que deu vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O decreto, encontrado na casa de Torres, ainda previa que a maioria dos interventores no TSE seriam militares. O então presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), também tomaria as rédeas das investigações.
A elaboração do documento é investigada pela Polícia Federal e pelo STF. Na última semana, o ministro do TSE Benedito Gonçalves pediu uma cópia para anexar em uma ação que investiga Bolsonaro. A minuta deve ser entregue ainda nesta segunda-feira.
Em depoimento, Anderson Torres negou ter elaborado o decreto e disse que recebeu o documento de um eleitor. Ao juiz, ele afirmou não contestar o resultado das eleições e das urnas eletrônicas, e não se colocou como membro da ‘guerra ideológica’.
"Fora daqui, se a gente tiver oportunidade... vários ministros do Supremo Tribunal Federal são testemunhas de que eu fui na casa de vários deles para buscar o equilíbrio. Eu não estou mentindo, eu não sou maluco”, disse Torres.
Essa guerra que se criou no país, essa confusão entre os Poderes, essa guerra ideológica, eu não pertenço a isso, eu sou um cidadão equilibrado e essa conta eu não devo”, concluiu.
O ex-presidente Jair Bolsonaro, que também é investigado pela suprema Corte, disse que o documento é ‘apócrifo’. A defesa de Bolsonaro ainda pediu que a minuta fosse retirada da investigação que envolve o ex-presidente.