O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres
, deve depor na próxima semana, no âmbito da investigação que apura se ele foi conivente com a invasão dos Três Poderes, em Brasília, no último domingo (8).
Torres foi preso neste sábado (14) ao desembarcar no Brasil de Miami, na Flórida, e foi conduzido para o 4º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal, localizado no Guará, onde passou por audiência de custódia por videoconferência no Batalhão de Aviação Operacional (BAVOP).
A chamada foi mediada pelo desembargador Airton Vieira, magistrado integrante do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O procedimento é padrão para averiguar se havia alguma irregularidade na prisão.
Moraes pediu a prisão de Torres enquanto apura se houve, de fato, conivência ou até participação do ex-ministro na tentativa de golpe que destruiu a sede dos Três Poderes. Em busca e apreensão na sua casa, a Polícia Federal encontrou a minuta de um projeto que visava intervir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para mudar o resultado das eleições.
O ex-ministro de Bolsonaro foi demitido da Secretaria de Segurança Pública do DF por ordem do governador, agora afastado, Ibaneis Rocha (MDB) no mesmo dia em que os extremistas invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o STF.
O ministro Alexandre de Moraes solicitou para a PF investigar se houve omissão e conivência de Anderson com o ato terrorista. “As omissões do Secretário de Segurança Pública e do Comandante Geral da Polícia Militar, detalhadamente narradas na representação da autoridade policial, verificadas, notadamente no que diz respeito à falta da devida preparação para os atos criminosos e terroristas anunciados, revelam a necessidade de garantia da ordem pública", disse Moraes.
Nove dos 11 ministros do Tribunal votaram por manter a prisão de Torres. Os ministros Edson Fachin, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Roberto Barroso, Luiz Fux, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber acompanharam o voto de Alexandre de Moraes, relator do processo.
Os únicos a divergir da prisão foram os ministros indicados por Bolsonaro, Nunes Marques e André Mendonça.
Torres ficou incomodado com a suspeita e soltou nota para rebater as acusações. “Lamento profundamente que sejam levantadas hipóteses absurdas de qualquer tipo de conivência minha com as barbáries que assistimos. Estou certo de que esse execrável episódio será totalmente esclarecido, e seus responsáveis exemplarmente punidos".
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