Ex-deputada federal Flordelis durante julgamento
BRUNNO DANTAS-TJRJ - 07.11.2022
Ex-deputada federal Flordelis durante julgamento


O segundo dia do julgamento da ex-deputada federal Flordelis, acusada de comandar o assassinato do pastor Anderson do Carmo , e de mais quatro réus, durou mais de 11 horas e contou com três testemunhas de acusação sendo ouvidas. A audiência aconteceu nesta terça-feira (8) no Fórum de Niterói, Região Metropolitana do Rio.

O dia foi marcado por atrasados e até disparo de alarme de incêndio no prédio onde acontece a sessão. Nesta terça-feira (8), prestaram depoimentos o inspetor da DHNSGI, Tiago Vaz de Souza, que atuou nas investigações quando o delegado Allan Duarte assumiu o caso, e dois filhos afetivos de Flordelis.

O pastor Alexsander Felipe Matos Mendes, o Luan, e Wagner Pimenta, batizado por ela como Misael, pediram para participar da audiência por videoconferência alegando questões familiares e emocionais.


O julgamento iniciou com uma hora e meia de atraso, por volta das 10h30, desta terça-feira (8). Isso porque um dos acusados, André Luiz de Oliveiro, filho afetivo da pastora, não havia sido listado e precisou ser buscado na penitenciária para início da sessão.

Além de Flordelis e André Luiz, também estão sendo julgados a filha biológica da pastora, Simone dos Santos, a neta Rayane dos Santos e a filha adotiva Marzy Teixeira.

O que as testemunhas de acusação falaram?

A primeira testemunha de acusação ouvida nesta terça-feira (8) foi inspetor da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI), Tiago Vaz de Souza, que atuou nas investigações quando o delegado Allan Duarte assumiu o caso.

Em depoimento, o inspetor afirmou que  o pastor sabia dos planos para sua morte e chegou a realizar uma reunião com os membros da família para resolver possíveis insatisfações. Em que, uma das principais queixas eram relativas ao controle financeiro de Anderson.

Ainda de acordo com o depoimento da testemunha, a família era dividida em duas "facções", sendo uma delas dos parentes mais próximos de Flordelis, que se queixavam do controle rígido de Anderson, e dos filhos e netos mais ligados ao pastor, que apresentavam descontentamento com os privilégios com que o outro grupo era tratado pela ex-parlamentar.

O segundo a depor foi o filho afetivo de Flordelis, Alexsander Felipe Matos Mendes, conhecido como Luan. No depoimento, ele relatou que Flordelis era intitulada Queturiene, nomenclatura que faz referência a um anjo, e que era tida como uma profeta, o que fazia com que todos a respeitassem como uma autoridade religiosa. Entretanto, segundo Alexsander, a ex-parlamentar não tolerava ser contrariada. "Se você não estava a favor dela, você era o próprio demônio", afirmou.

Encerrando o dia, Wagner Pimenta, batizado pela pastora como Misael, falou sobre as tentativas de envenenamento e assassinato contra o pastor Anderson do Carmo. Ele ainda relembrou que Flordelis quebrava comprimidos e os colocava na bebida do pastor.

Em outro ponto do depoimento, o filho afetivo foi questionado pela promotoria sobre os momentos após o atentado contra Anderson. Na fala, ele voltou a dizer que desconfiava da tristeza demonstrada pela ex-deputada. "Eu conhecia ela, então eu vi que aquele choro dela não era um choro verdadeiro. Eu já vi algo estranho ali e meu coração fechou. Depois disso, não tive mais contato com ela", lembrou.

Já foram ouvidos durante o primeiro dia de julgamento, nesta segunda-feira (7) a delegada Bárbara Lomba, que iniciou as investigações quando era titular da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG), o delegado Allan Duarte, responsável pela conclusão do inquérito e Regiane Ramos Cupti Rabello, chefe de Lucas dos Santos de Souza, um dos filhos adotivos da pastora, já condenado por participação no crime.

Outras 24 testemunhas de acusação e defesa, algumas delas por vídeo conferência, ainda serão ouvidas. O julgamento, que estava previsto para terminar nesta quarta-feira (9), pode se estender até sexta-feira (11).

Acusações

Flordelis é acusada de ser a mandante do crime  e poderá responder por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima), tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.

Já a filha biológica, Simone dos Santos Rodrigues, e os filhos adotivos Marzy Teixeira da Silva e André Luiz de Oliveira poderão responder por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada. Enquanto, a neta Rayane dos Santos Oliveira, por homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada.

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