Familiares e amigos se despediram, sob forte emoção, neste sábado (23), de Letícia Marinho Sales, de 50 anos, morta durante a operação do Complexo do Alemão , na Zona Norte do Rio, realizada na quinta-feira (21). Ela foi enterrada às 11h30 no cemitério São Francisco Xavier, no Caju, também na Zona Norte. Tristes com a perda brutal da mulher, que foi atingida com um tiro no peito quando saía da comunidade, parentes pediram explicações sobre a ação da Polícia Militar na localidade. Letícia deixa três filho e três netos.
A cunhada da vítima, Lucilene Mendes, afirmou que não havia confronto e que policiais militares efetuaram disparos contra o carro que a mulher estava. "Nem todo mundo que tem carro no morro é traficante. O menino que estava no carro com ela falou que abaixou o vidro do carro e eles saíram atirando nela", relatou.
Segundo a filha de Letícia, Jennifer Sales, a mãe teria ido para o Complexo, onde as filhas viviam, para ajudar a organizar uma festa na igreja em que frequentavam. "O sentimento neste momento para mim é só de dor, revolta e injustiça. Pelo que fizeram com a minha mãe. Uma mulher de 50 anos ser covardemente alvejada, sem representar nenhum perigo para ninguém. Ela não fez nada. Estava na porta de casa", comentou.
Família de PM morto na operação também pede justiça
Também na manhã deste sábado, familiares do cabo da Polícia Militar, Bruno de Paula Costa, de 38 anos, pediram justiça pela morte do militar, baleado no pescoço durante um ataque à UPP Nova Brasília , no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, na quinta-feira.
O corpo dele foi enterrado no cemitério Jardim da Saúde, em Sulacap, na Zona Oeste. Cerca de 300 pessoas, entre eles amigos da corporação e do Exército Brasileiro, onde Bruno foi paraquedista, se despediram do colega de farda. O PM deixa dois filhos autistas, de 8 e 10 anos.
Assim como a família de Letícia, os irmãos de Bruno pediram explicações. "Quem é o culpado pela morte do meu irmão? Dele próprio? Meu irmão é um homem, pai e filho exemplar, morreu em combate. Ele morreu porque não temos investimento em políticas públicas. Com quem eu vou falar agora? Quem matou meu irmão?", questionou.