Em audiência de custódia realizada na tarde deste domingo, o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) decretou a prisão preventiva de Jhonatan Correia Damasceno, pintor que estava preso temporariamente acusado da morte da aposentada Martha Maria Lopes Pontes, de 77 anos, e da diarista Alice Fernandes da Silva, de 51. A decisão foi tomada pelo Juiz Pedro Ivo Martins Caruso D'ippolito.
O pintor, que confessou ter participado do crime que deixou as duas mulheres degoladas e carbonizadas, foi levado na manhã de sábado para o presídio de Benfica, após passar a noite preso na própria Delegacia de Homicídios, na Barra da Tijuca.
A roupa utilizada por Jonathan Correia Damasceno no dia do crime que resultou na morte da aposentada Martha Maria Lopes Pontes, de 77 anos, e da diarista Alice Fernandes da Silva, de 51, foi apreendida pela Polícia Civil na casa dele, em Acari, na sexta-feira.
A calça jeans, a jaqueta e o boné encontrados pelos agentes são os mesmos em que Jonathan aparece nas imagens de câmeras de segurança entrando e deixando o prédio da Avenida Rui Barbosa, no Flamengo, na última quinta-feira, dia 9.
Saque de R$ 15 mil
Ao sacar R$ 15 mil de idosa morta, pintor disse no banco que ela ‘costumava comprar carro’ com ele. Em depoimento prestado na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), a supervisora administrativa e uma agência bancária na Rua Marquês de Abrantes que trocou cheques para Jonathan contou que, ao ligar para Martha Maria Lopes Pontes, a aposentada parecia ‘estar calma’.
A funcionária afirmou que, ao receber do rapaz três cheques da idosa no valor de R$ 5 mil cada, chegou a indagá-lo diante do “alto valor”, no que ele respondeu: “A dona Martha costuma comprar carro comigo”. Ela então separou o dinheiro em três maços de notas e os entregou.
Na especializada, a profissional contou ter recebido Jonathan, por volta de 15h40, em um dos caixas do banco, pedindo para sacar o montante de R$ 15 mil. A moça então entrou em contato com Martha, emitente dos cheques, através de um telefone fixo que constava em seu cadastro. Ela afirmou que a idosa parecia “estar calma” e negou ter notado algo “fora do normal durante o contato”.
No depoimento, a mulher disse que, após a autorização de Martha, solicitou o documento de identidade de Jonathan e pediu que ele assinasse os cheques, sendo prontamente atendida por ele. Ela relatou que ele também parecia calmo e, enquanto esperava para receber o dinheiro, falava ao celular com outra pessoa: “Já estou no caixa”, “Já estou sendo atendido”, dizia o rapaz.
Duplo latrocínio
De acordo com as investigações da DHC, Jonathan é suspeito, com Willian Oliveira Fonseca, dos crimes de duplo latrocínio (roubo seguido de morte), extorsão qualificada e incêndio contra Martha e Alice. Os dois realizaram como pintores recentemente um serviço no apartamento da idosa, na Avenida Rui Barbosa, também no Flamengo, e retornaram ao local, cortaram o pescoço das vítimas e ainda queimaram o corpo da patroa.
Após ser preso na favela de Acari, na Zona Norte da cidade, Jhonatan prestou depoimento e confessou envolvimento no crime, mas afirmou ser William o responsável por matar as vítimas. William se entregou à Polícia na noite de sexta-feira. Em imagens de câmeras de segurança do condomínio, os dois aparecem às 13h34 de máscaras, bonés e mochilas e carregam uma sacola plástica.
Os cadáveres das duas mulheres foram localizados, por volta de 17h, por homens dos quartéis do Catete e do Humaitá do Corpo de Bombeiros. Eles foram acionados devido a um incêndio no apartamento onde estavam as vítimas. Pouco depois, uma faixa da Avenida Rui Barbosa chegou a ser interditada pela Polícia Militar, segundo o Centro de Operações (COR) da Prefeitura do Rio.
Segundo o laudo de exame de necropsia, a causa da morte de Martha e Alice foi esgorjamento — lesão profunda que atingiu a garganta das vítimas e que foi provocada por ação corto-contundente, possivelmente uma faca.
Filho de Alice, o bombeiro hidráulico Diogo Felixberto Fernades da Silva, de 27 anos, contou que os pintores já haviam voltado ao apartamento outras vezes em busca de dinheiro, embora o serviço já tivesse sido quitado por Martha.
“O serviço foi feito e todo pago, mas eles estavam coagindo a dona Martha a dar mais dinheiro. A dona Eleonora, filha dela, contou que há 15 dias eles bateram lá contando uma história triste e querendo mais dinheiro. Em outro episódio, na última semana, eles foram lá novamente, desta vez só com a dona Marta, colocaram o pé na porta, a ameaçaram e a coagiram para levar mais dinheiro. Nesse dia, a minha mãe não estava lá”, contou.
Viúvo de Alice, o porteiro Hilário Rodrigues Leite, de 62 anos, acredita que a mulher tenha tentado defender a patroa de agressões e acabou morrendo.
“Acredito que ela foi tentar defender a dona Martha. Deixaram entrar: eles disseram que a dona Marta deixou entrar. Não se sabe. Disseram serem os pintores”, disse, acrescentado que, pelo horário, já não era mais para ela estar no apartamento.
Ela saiu de casa às 6h, eu fiquei dormindo, porque era o horário normal. Ela saia sempre às 15h, quando eu passava lá. Mas, ontem, não sei o que aconteceu, não era para ela estar lá.
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