Ex-assessor de Gabriel Monteiro, Vinicius Hayden Witeze, saindo da Câmara usando colete à prova de balas, após ter dito estar sendo alvo de ameaças
Reproduçao TV Globo
Ex-assessor de Gabriel Monteiro, Vinicius Hayden Witeze, saindo da Câmara usando colete à prova de balas, após ter dito estar sendo alvo de ameaças

O vereador Chico Alencar (PSOL), relator da representação contra o vereador Gabriel Monteiro (PL) na Câmara do Rio, disse, nesta terça-feira (31), que a morte de Vinícius Hayden Witeze, ex-assessor de Monteiro, num acidente de carro no último sábado (28) , trouxe temor para as outras testemunhas. No depoimento dado por Vinícius na última quarta-feira (27) foi apresentada uma série de ameaças feitas a ele nas redes sociais , com frases como "vai morrer" e "a ira divina vai cair sobre você". Uma reunião do Conselho de Ética marcada para tarde desta terça-feira vai definir os próximos passos do processo.

"Nós estamos com novos depoimentos já marcados e vamos agendar outros. Mas estamos preocupados com o temor dessas testemunhas. Fatalidade ou não, a morte do Vinícius põe um grilo na cabeça dessas pessoas. O Vinícius, durante o depoimento, estava muito seguro das afirmações que fez. Foram duas horas e meia de declarações robustas, ricas e circunstanciadas, com uma série de detalhes. Ele nos trouxe prints de ameaças concretas, mas nada vindo diretamente do Gabriel Monteiro, que fique claro. O Vinícius foi muito correto no depoimento", detalha Chico Alencar.

Nesta terça-feira está previsto o depoimento de uma ex-assessora de Monteiro que o acusa de assédio sexual. Ao GLOBO , o parlamentar do PSOL comentou que espera das investigações uma resposta para uma possível mudança de comportamento de Vinícius, que Alencar considera ser "a mais importante testemunha" do caso por conta da relação próxima de convivência antiga que ele e Monteiro tiveram:

"A perícia é fundamental, assim como a análise das condições da estrada. Mas é preciso saber com quem o Vinícius esteve de quarta-feira, dia do depoimento, até sábado à noite, ocasião do acidente. Na quarta ele disse que estava amedrontado, que não estava saindo de casa. Então o que o levou a fazer esse passeio repentino até a Região Serrana? O que será que mudou na cabeça dele nesses dias?"

Vinícius morreu no último sábado em um acidente de carro na RJ-130, estrada que liga Teresópolis a Nova Friburgo . De acordo a Polícia Civil, o caso está sendo investigado pela 110ª DP (Teresópolis). Agentes fizeram uma perícia no local e as primeiras informações indicavam que o motorista perdeu a direção do veículo ao entrar em uma curva da rodovia. Durante a perícia, agentes do Instituto de Criminalística Carlos Éboli recolheram objetos, entre eles uma faca dentro do forro de uma das portas, e papéis que estavam no automóvel. Também foram retiradas peças do veículo para análise.

O corpo de Vinícius foi sepultado nesta segunda-feira, no Cemitério de Mesquita, Baixada Fluminense. Pouco antes do sepultamento, durante o velório, houve um momento de tensão quando Gustavo Lima, advogado do parlamentar, chegou ao cemitério. Aos gritos de "traidor" e "traíra", amigos de Vinícius exigiram que Gustavo fosse embora. O advogado acabou deixando o local, embarcando em um carro preto . Chico Alencar lembrou a presença de advogados de Gabriel no depoimento de Vinícius.

"Três advogados de Gabriel estavam lá durante o depoimento do Vinícius, o questionando demais. Mas a todo momento a testemunha respondeu com muita firmeza a todos esses questionamentos."

O delegado da 110ª DP Márcio Mendonça disse que a expectativa é de que o resultado das perícias saiam em uma semana, mas a de engenharia pode demorar um pouco mais. Ele frisou que a intenção é agilizar o máximo para esclarecer o caso. Também foi pedido exame de alcoolemia de Vinícius.

Dentro do carro, foram encontradas cópias do depoimento que Hayden deu na Câmara de Vereadores no processo que pode culminar na cassação de Gabriel Monteiro. Ele entrou e saiu do local cercado por seguranças e usando um colete à prova de balas, após ter dito estar sendo alvo de ameaças .

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara do Rio, a vereadora Teresa Bergher informou ter recebido uma ligação em seu gabinete de Vinicius Hayden Witeze, na última sexta-feira, em que ele pedia que a Casa disponibilizasse seguranças para ele.

"O procurador da câmara, José Minc, me disse que seria necessário um ofício das testemunhas pedindo a segurança. Na sexta-feira, o Vinícius ligou para o meu gabinete, pedindo segurança. Foi orientado a fazer um ofício com este pedido. Ele ficou de entregar o documento nesta segunda-feira, mas, infelizmente, não teve tempo. É tudo muito triste, muito chocante e estranho. Vamos aguardar a perícia no carro", disse a vereadora, em nota.

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