Quatro dias após a ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que resultou na morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, em Sergipe, a corporação mudou o discurso sobre o ocorrido e divulgou para afirmar que não compactua com os procedimentos adotados pelos agentes na ocasião. Inicialmente, a PRF havia informado que a morte de Genivaldo foi uma fatalidade, desvinculada da ação policial.
Genivaldo Santos morreu após ser parado numa blitz da PRF na cidade de Umbaúba, a 100 quilômetros de Aracajú, na quarta-feira passada. Os agentes o atiraram na parte de trás da viatura, lançaram gás lacrimogéneo e trancaram o porta-malas. Toda a ação foi filmada por populares, que alertaram os policias de que o homem poderia morrer. A família de Genivaldo afirmara que ele sofria de problemas psiquiátricos e tomava remédios controlados.
No vídeo divulgado ontem, o coordenador-geral de comunicação institucional da PRF, Marco Territo, agora diz que a PRF não compactua com as medidas adotadas por seus policiais.
"Assistimos com indignação aos fatos ocorridos em Umbaúba envolvendo policiais rodoviários federais que resultou na morte do senhor Genivaldo de Jesus Santos. Os procedimentos vistos durante a ação não estão de acordo com as diretrizes em cursos e manuais da nossa instituição", afirmou.
Ainda de acordo com ele, a PRF está colaborando com as investigações.
"Afirmo que já estamos estudando os nossos procedimentos de formação de aperfeiçoamento e operacionais para ajustar o que for necessário para prestar um serviço de excelência", disse o coordenador- geral, acrescentando: "A instituição não compactua com qualquer afronta aos direitos humanos. Afirmando ainda que a conduta isolada não reflete o comportamento dos mais de 12 mil policiais rodoviários federais do país".
Casos Semelhantes
O "Fantástico", da TV GLOBO, identificou ocorrências semelhantes à que matou Ganivaldo em Sergipe. Uma pesquisa nos arquivos do Judiciário, feita pela reportagem, encontrou 18 casos em que cidadãos dizem ter sido trancados em viaturas da PRF e submetidos a gás lacrimogêneo.
Os processos foram coletados nos últimos 12 anos em seis estados. Os episódios são relatados por suspeitos investigados por diferentes acusações. Um deles, de acordo com o Fantástico, diz que precisou quebrar o vidro do veículo com a cabeça para poder respirar.
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