O Ministério Público do Rio (MPRJ) deflagrou, na manhã desta terça-feira a Operação Calígula, contra o contraventor Rogério de Andrade , o PM reformado Ronnie Lessa — réu pela morte da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes — e outras 27 pessoas. Até agora, onze já foram presos, entre eles, o delegado Marcos Cipriano de Oliveira Mello, levado para a Corregedoria da Polícia Civil.
A delegada Adriana Cardoso Belém, que por anos foi titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), é um dos alvos. Na casa da policial, atualmente assessora da Secretaria Municipal de Esportes do Rio, os investigadores encontraram quase R$ 2 milhões em espécie armazenados em sacolas de lojas famosas de roupas e em uma mala no closet. Ela será exonerada nesta terça-feira, segundo a prefeitura.
Foram denunciadas 29 pessoas pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os agentes ainda cumprem 119 mandados de busca e apreensão. De acordo com as investigações, Andrade e Lessa abriram casas de apostas e bingos na Zona Oeste do Rio pelo menos desde 2018.
De acordo com as denúncias oferecidas pelo MPRJ, Rogério e o filho, Gustavo Andrade, comandam uma estrutura criminosa organizada, voltada à exploração de jogos de azar não apenas no Rio de Janeiro, mas em diversos outros estados.
Os mandados requeridos pelo MPRJ foram expedidos pela Vara Especializada. Além do dinheiro apreendido na casa de Adriana Belé, foram recolhidos oito aparelhos de celular, um notebook, um HD e um pen drive. Segundo narram as denúncias oferecidas pelo MPRJ, Rogério de Andrade e Gustavo de Andrade comandam uma estrutura criminosa organizada voltada à exploração de jogos de azar no Rio e eme outros estados. Essa estrutura há décadas exerce o domínio de diversas localidades, fundamentando-se em dois pilares: a habitual e permanente corrupção de agentes públicos e o emprego de violência contra concorrentes e desafetos. A organização criminosa é suspeita de inúmeros homicídios.
Segundo os promotores, a organização estabeleceu acertos de corrupção com agentes públicos integrantes de diversas esferas do estado, principalmente ligados à Segurança Pública, como agentes da Polícia Civil e da Polícia Militar do Estado do Rio. Esses policiais mantinham contatos permanentes com outros policiais corruptos, "pactuando o pagamento de propinas em contrapartida ao favorecimento dos interesses do grupo liderado por Rogério. Por outro lado, oficiais da PMERJ serviam de elo entre a organização e Batalhões de Polícia, que recebiam valores mensais para permitir o livre funcionamento das casas de aposta do grupo", diz nota do MP.
O advogado Bruno Castro, que defende Ronnie Lessa, divulgou a seguinte nota: "Soubemos pela imprensa do ocorrido. Nós ainda vamos nos inteirar do que está acontecendo. Saber se há alguma acusação, qual acusação e quais os elementos que subsidiam ela. Por enquanto, não temos como nos posicionar. Estamos no escuro."
A defesa de Rogério Andrade, representada pelo advogado Ary Bergher, também se manifestou por nota: "Essa operação além de não deixar demonstrado a necessidade da prisão cautelar do Rogério, se mostra claramente uma afronta ao STF que acaba de conceder o trancamento de uma ação penal contra ele. Isso vem ocorrendo desde juízes como o De Sanctis, Marcelo Bretas e Sérgio Moro, que tentam burlar as decisões do STF."