Durval Teófilo Filho, vítima do sargento da Marinha
Reprodução/ Facebook
Durval Teófilo Filho, vítima do sargento da Marinha


A juíza Juliana Grillo El-Jaick, do 4º Tribunal do Júri de São Gonçalo, manteve a prisão preventiva do sargento da Marinha Aurélio Alves Bezerra, preso desde fevereiro acusado pela morte do vizinho, que era negro, Durval Teófilo Filho . O pedido da revogação da prisão foi apresentado pela defesa de Aurélio, em audiência de instrução e julgamento realizada nesta segunda-feira. Durval foi morto no dia 2 de fevereiro em frente do condomínio onde morava, em São Gonçalo.

Durval foi atingido por dois dos três tiros disparados por Aurélio, quando voltava do trabalho. Luziane Ferreira Teófilo, no entanto, afirma que Aurélio atirou no marido dela por racismo.

Além de Luziane, parentes e amigos de Durval estiveram no Fórum Juíza Patrícia Acioli, em São Gonçalo. Aurélio também estava presente na audiência, mas não foi ouvido, porque faltou uma testemunha.

À polícia, Aurélio, disse ter confundido Durval com um assaltante e que, por isso, teria disparado de dentro do carro, quando a vítima colocou a mão na mochila. Toda a ação foi flagrada por câmeras de segurança do condomínio onde ambos moravam no bairro Colubandê, em São Gonçalo.

Foram ouvidas 11 testemunhas de acusação e de defesa na audiência, que teve início às 14h20. Luziane Teófilo, viúva de Durval, é assistente de acusação do caso. Ele disso ao Extra que será a "voz do marido no caso".


A mulher de Durval escutou os tiros e depois conferiu pelo circuito interno de câmeras do condomínio, pelo celular, o que tinha acontecido. Porém, ela não sabia que era o marido. Em seguida, ela contou ter escutado Aurélio, seu vizinho, falar com outra pessoa, próximo à janela onde morava, no segundo andar: "cara, fiz uma merda".

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Como a filha do casal havia acompanhado, pelo circuito de câmeras,  que Durval já tinha deixado a van que usava para chegar em casa e caminhava para o condomínio, Luziane imaginou que o marido, por sempre gostar de ajudar as pessoas, havia parado para socorrer a pessoa baleada na calçada.

Apenas quando uma vizinha bateu à porta de seu apartamento,  segurando a mochila e o chinelo sujo de sangue de Durval, Luziane percebeu que a vítima era o marido dela. Segundo o depoimento da viúva, ele já chegou morto ao hospital. Aurélio, contou a viúva,  não se aproximou ou tentou falar com ela.

Três moradores do condomínio também depuseram como testemunhas de acusação. Todos eles disseram que nunca souberam de assaltos em frente ao condomínio.Os dois policiais civis afirmaram que nenhuma das testemunhas ouvidas na Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí citou algo sobre questões raciais ou atitudes preconceituosas cometidas por Aurélio contra a vítima no cotidiano do condomínio.

O advogado de Aurélio, o advogado Saulo Salles contou ao GLOBO que a prisão só não foi revogada porque uma das testemunhas de defesa faltou. Segundo Saulo, Aurélio tem ficha limpa e tem domicílio certo, não havendo motivo para a sua prisão.

"Como ainda falta uma testemunha, Aurélio também não pode ser ouvido. Tudo é favorável ao Aurélio. Ele inclusive socorreu a vítima. Ele disparou os três tiros, mas foi em direção das vítimas ao perceber que houve um equívoco. Não há nada de cunho racista. Vamos entrar com um novo pedido de revogação da prisão em favor dele na próxima audiência", explicou Saulo.

A nova audiência de instrução e julgamento não foi marcada pela Justiça. A juíza Juliana El-Jaick ainda vai decidir se Aurélio irá ser julgado por júri popular.

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