Funcionária sofre racismo e homofobia de cliente no Piauí
Reprodução Whatsapp 18/03/2022
Funcionária sofre racismo e homofobia de cliente no Piauí

A funcionária de uma hamburgueria de Parnaíba, no litoral do Piauí, realizou um boletim de ocorrência nesta quinta-feira, após um cliente falar por mensagem que não queria que ela preparasse seu o lanche por ser negra e lésbica. Em prints divulgados nas redes sociais pela vítima Joelma Figueiredo, de 23 anos, o autor das ofensas assumiu ser “preconceituoso e racista”, e disse que a empresa não deveria contratar “esse tipo de gente para trabalhar”.

Ao GLOBO, Joelma disse que hoje era o prazo limite para formalizar a denúncia. A ida antes à delegacia não foi possível por medo da impunidade e também dos ataques que ela vem recebendo nas redes sociais. Quem a incentivou a oficializar o boletim de ocorrência foi a advogada Mayara Portela, presidente da Subcomissão da Diversidade Sexual e de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Piauí (OAB-PI), que presta acompanhamento jurídico e ajuda psicológica à jovem.

"Fomos registrar o boletim de ocorrência, mas ainda não foi localizado o cliente. A advogada Mayara Portela está me orientando, mas estou com medo de perder meu emprego. Estamos recebendo mensagens falando que a empresa quer fazer marketing e lucrar com a repercussão do caso. E eu também penso: e se esse cliente for importante na sociedade, será que vão acobertar o que ele fez?", questiona Joelma.

As mensagens de cunho racista  e homofóbico foram recebidas através do celular da hamburgueria no último sábado. Na conversa, o cliente afirma que esteve no estabelecimento na quarta-feira, dia 9, e lamenta que seu hambúrguer tenha sido preparado por Joelma, que trabalha como chapeira no local.

“Desculpe a pergunta, mas meu hambúrguer poderia ser feito por outra pessoa? Lanchei aí na quarta-feira e vi que meu hambúrguer foi feito por uma pessoa que não é do meu agrado”, relatou o cliente, escrevendo em seguida o motivo do pedido junto a um emoji de mãos postas: “Ela é lésbica e negra, entenda meu lado”.

Ao ver os comentários do homem, uma funcionária da loja, que estava responsável por atender os clientes via telefone, chamou Joelma e mostrou o conteúdo. Indignadas, elas responderam que tomariam medidas judiciais e ressaltaram que a “negra e lésbica é a melhor chapeira da cidade”.

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“Tipo de clientes como você não fazemos a mínima questão em nosso estabelecimento. Que o senhor fique sabendo que a ‘negra e lésbica’ é a melhor chapeira da cidade. Vamos na delegacia registrar um B.O. (boletim de ocorrência) contra você”, disse a atendente.

O GLOBO procurou a Polícia Civil do Piauí para saber como o caso será investigado, mas ainda não obteve resposta. Até o momento, não foi descoberto quem é o cliente, pois o contato telefônico no aplicativo de mensagem não possui foto e ele não atende ligações.

No domingo, a Subcomissão da Diversidade Sexual e de Gênero e da Mulher Advogada, da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Piauí (OAB-PI), divulgou uma nota de repúdio ao caso de racismo e lesbofobia. No documento, a instituição declara que as atitudes são inaceitáveis e consideradas crime no Brasil.

“É válido ressaltar que a Lesbofobia e Racismo são condutas tipificadas como crime em nosso ordenamento jurídico e como tal serão tratadas. Todavia é importante frisar que, atitudes dessa natureza são completamente incompatíveis, e absolutamente inaceitáveis no seio de nossa sociedade, que deve prezar pela diversidade, pela democracia, pela justiça e a convivência respeitosa entre todos”, pontuou a nota.

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