A submetralhadora HKMP5, modelo usado pelos assassinos na morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, segundo a perícia, é a mais rara na lista de apreensões de armas no estado. Levantamento do Instituto Sou da Paz, ao analisar os números do Instituto de Segurança Pública (ISP) sobre o armamento, constatou que, de 2015 a 2021, apenas quatro submetralhadoras desse modelo foram apreendidas, sendo que duas delas após 14 de março de 2018, quando ocorreu o crime.
O gerente de projetos do Instituto Sou da Paz, Bruno Langeani, ressaltou que seis HKMP5 foram desviadas das forças policiais no Estado do Rio, entre 2011 e 2021: cinco da Polícia Civil e uma da Polícia Federal. Langeani não teve acesso aos dados da Polícia Militar. No relatório do Sou da Paz, consta ainda que os sumiços na Polícia Civil não foram informados à CPI das Armas, na Assembleia Legislativa do Rio, em 2016, ainda que a comissão tenha pedido informações sobre o período de 2005 a 2015.
"A HKMP5 é uma arma raramente encontrada no mercado do crime. Quatro submetralhadoras deste tipo recuperadas nas mãos de criminosos em seis anos é um número muito baixo frente à quantidade de apreensões no Rio. Em compensação, há pelo menos seis registros de desvios dessa armas de forças policiais do estado, que se tem notícia. Por isso, a hipótese de a arma do crime ser oriunda de desvio deveria receber mais atenção na investigação do homicídio da Marielle e do Anderson. Especialmente porque o principal suspeito da execução, Ronnie Lessa, prestou serviços tanto à PM, quanto à Polícia Civil", enfatizou Langeani.
A Polícia Civil informou ter 57 submetralhadoras, sendo 45 em unidades da instituição, 11 em seu estoque e uma emprestada ao Tribunal de Justiça do Rio. A PM tem 24 armas desse modelo. O Tribunal de Justiça, assim como a Polícia Federal, não quiseram dar o número de HKMP5 em seus arsenais.
Duas submetralhadoras foram apreendidas pelas polícias Civil e Militar em áreas de milícia. Uma em maio de 2018, no condomínio Zafira, na comunidade Chaperó, em Itaguaí; e outra em dezembro da ano passado, na Avenida Grão Pará, em Nova Iguaçu.