Vestida de verde e amarelo, uma mulher fingiu ser apoiadora do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e se infiltrou em uma manifestação a favor do mandatário após se revoltar com o discurso dos participantes.
Durante o protesto, que ocorria em Santos, no litoral de São Paulo, a técnica de enfermagem Suzi Mirian dos Santos, de 55 anos, pediu o microfone e, quando foi autorizada a falar, mandou as pessoas tomarem a vacina da Covid-19 e usarem máscara de proteção contra a doença.
O vídeo de uma parte do discurso da mulher foi publicado nas redes sociais pelo filho de Suzi, o publicitário Matheus Ramos Dias, de 26 anos. A gravação viralizou e já conta com mais de 3,5 mil compartilhamentos e 32 mil curtidas.
Veja:
"Eu não quero saber em quem eles votaram. Eu sou a favor da máscara. Ele [apoiador] perguntou quem viu alguém morrer de Covid. Eu vi vários colegas meus, eu trabalho na Saúde, eu fiquei 21 dias na UTI com edema pulmonar. Quando o seu direito de tirar a máscara compromete a vida dos outros, você tá errado. Não importa quem está roubando, isso é uma investigação à parte. Na nossa saúde, foram mais de 600 mil mortes. Eu conheço sim [pessoas que morreram] e eu me sinto ofendida como profissional de saúde quando desmentem a gravidade do Covid. Quando as pessoas vêm aqui e fazem piadas homofóbicas, elas estão ofendendo muita gente. Não quer tomar vacina? Coloca minha vida, a dele, a de todo mundo em risco. Se é democracia, me deixa falar", discursou a mulher na ocasião.
Suzi relatou que, após falar no microfone, foi retirada do local pela polícia. "Me vesti de verde, de chinelo amarelo, fui lá e virei 'posso falar também?', pedi proteção policial... Aí eles deixaram eu falar. Eu desmenti eles de tudo, fui aplaudida para caramba, eles arrancaram o microfone da minha mão e fui retirada de lá pela polícia", contou a mulher em uma mensagem de áudio ao filho, que também foi compartilhada no Twitter .
"Mandei o pessoal tomar a vacina, peguei e falei para todo mundo usar máscara e falei 'o Bolsonaro é um psicopata'. Aí eles ficaram sem ação", continuou.
O caso ocorreu no bairro Gonzaga. A mulher, que mora na Praça da Independência, estava almoçando quando viu o protesto pró-Bolsonaro, ouviu os discursos dos manifestantes e decidiu se pronunciar.