O Ministério Público Federal abriu um inquérito para investigar o Conselho Federal de Medicina (CFM) por a prescrição de medicamentos sem a eficácia comprovada para o tratamento contra o novo coronavírus. O vice-presidente do órgão, Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti, havia defendido o uso do 'kit-covid' e, na época, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia interrompido os testes em pacientes. As informações são do portal Uol e do jornalista Lauro Jardim.
Abriu-se um procedimento após cardiologista e professor da USP, Bruno Caramelli, representar e apoiar o "uso indiscriminado do tratamento precoce com medicamentos sem nenhuma evidência científica sobre seus benefícios".
Após a abertura do inquérito, a Procuradoria da República em São Paulo afirmou que há "diversos argumentos indicativos de uma atuação possivelmente irregular do CFM".
Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti, vice-presidente do órgão, participou de um evento organizado pela Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, sob o comando da "Capitã Cloroquina", Mayra Pinheiro. No local, Cavalcanti disse que é da autonomia do médico "escolher a melhor conduta para seu paciente mesmo diante de evidências observacionais de alguns aspectos científicos, como a eficácia desses medicamentos em vitro, sem a comprovação em vivo".
O representante afirmou, também, que "o conhecimento dos efeitos colaterais desses medicamentos é do conhecimento dos médicos" e, ao prescrevê-los, os médicos "sabem da responsabilidade".
Na última semana, a Defensoria Pública da União (DPU) ajuizou uma ação onde solicita que o conselho seja condenado por danos morais coletivos cometidos durante a pandemia. O valor seria de R$ 60 milhões. Procurado, o CFM não respondeu às perguntas.