Na primeira grande operação em conjunto da Polícia Federal e do Ministério Público Federal para apurar a ligação da cúpula da Secretaria de Administração Penitenciária com facções criminosas, os investigadores afirmaram que há indícios concretos de que houve troca de vantagens. Nas buscas feitas na manhã desta terça-feira (17) na casa do secretário de Administração Penitenciário, Raphael Montenegro, foi encontrada a quantia de 200 mil em real e dólar. O superintendente da Polícia Federal do Rio, Tácio Muzzi, ressaltou que os atos de Montenegro para acessar presos "são indicativos de atos de corrupção".
Na manhã desta terça-feira, Montenegro e dois subsecretários foram presos na ação batizada como Simonia, que faz parte da Missão Redentor contra o crime organizado. De acordo com os investigadores, o secretário e os dois auxiliares da pasta visitaram o chefe da maior facção criminosa do Rio, Marcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, no Presídio Federal de Catanduvas, em maio deste ano. Apesar de todos saberem que a conversa estava sendo gravada, o procurador da República Carlos Aguiar, um dos responsáveis pelas investigações, informou que a gravação revela indícios de que o secretário estava negociando o retorno do detento ao Rio.
"Além do teor das conversas, os atos do secretário demonstraram indícios de que houve negociações… Nós não estamos no campo das especulações. Ele inclusive opinou pelo retorno de um preso, o que não se concretizou por causa da mobilização da Vara de Execuções Penais (VEP)", explicou Aguiar.
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Montenegro e os outros dois presos devem responder, segundo a PF, por falsidade ideológica, associação ao tráfico e captação de clientes.