Fernandinho Beira-Mar em entrevista após ser preso
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Fernandinho Beira-Mar em entrevista após ser preso

Morto hoje, dia 28 de junho, Lázaro Barbosa mobilizou mais de 200 policiais e autoridades do Distrito Federal e Goiás em uma longa perseguição que durou 20 dias. Conhecedor das matas da região, o foragido conseguiu despistar as autoridades que estavam em seu encalço, enquanto continuava a cometer crimes — inclusive, com episódios de trocas de tiro com a polícia.

Sua fuga de contornos cinematográficos e a dificuldade das forças de segurança o capturarem atraiu a atenção do país. O GLOBO relembrou outros episódios de perseguição policial que marcaram o Brasil.

Escadinha

No ano de 1985, o traficante José Carlos do Rei Encina, conhecido como Escadinha, foi resgatado de helicóptero do presídio de segurança máxima Cândido do Mendes, na Ilha Grande, em Angra dos Reis.

Localizada em uma ilha e cercada por uma mata densa, fugas da prisão eram consideradas difíceis, se não impossíveis. Escadinha contou com o apoio de José Carlos Gregório, o Gordo, que de um helicóptero conseguiu libertar o comparsa. O traficante conseguiu escapar da prisão e foi até a praia de Coroa Grande, onde foi resgatado.

Na época, Escadinha era líder da principal facção criminosa do Rio de Janeiro. Apesar da fuga ter sido bem-sucedida, cerca de três meses depois ele foi capturado novamente. Baleado após um conflito no morro do Juramento, ele acabou preso após ser encontrado pelas forças de segurança em uma cama de hospital.

Leonardo Pareja

Pareja ganhou fama em meados dos anos 90 após protagonizar uma série de crimes e fugas em três estados brasileiros.

A história começou quando ele, então com 22 anos, após uma ação criminosa, fez uma jovem de refém por cerca de três dias, em um hotel na cidade de Feira de Santana, em setembro de 1995. A garota, de 16 anos, era sobrinha do político baiano Antônio Carlos Magalhães, na época senador.

Ele conseguiu escapar do cerco policial feito ao hotel e seguiu em fuga pelo país, despistando policiais durante cerca de um mês, enquanto dava entrevistas a rádios locais e outros veículos de imprensa.

Após se entregar, Pareja foi preso. Da cadeia, ele participou de uma rebelião de presos no Centro Penitenciário de Goiás (Cepaigo) e foi uma das lideranças do movimento.

Pareja morreu em dezembro de 1996 assassinado por outros presos. Sua morte teria sido uma punição por ter contado a autoridades sobre o plano de fuga do grupo.

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Maníaco do Parque

Por cerca de um ano, o criminoso que se tornou conhecido como Maníaco do Parque aterrorizou a região no entorno do Parque Estadual Fontes do Ipiranga, entre São Paulo e Diadema. Francisco Assis Pereira matou cerca de 11 mulheres e estuprou outras 9, entre 1997 e 4 de agosto de 1998, quando foi capturado.

O motoboy atraia as vítimas com falsas promessas de emprego e ensaios fotográficos. Os corpos das jovens começaram a ser encontrados entre janeiro e agosto de 1998, o que iniciou a busca pelo criminoso. O depoimento das nove sobreviventes serviram para a criação de retratos falados que estamparam os jornais de todo o país.

Francisco de Assis Pereira acabou capturado na cidade gaúcha de Itaqui, onde se escondia, após as autoridades receberem uma denúncia de sua localização.

Necrófilos de Nova Friburgo

Ibrahim e Henrique de Oliveira teriam aterrorizado a região serrana do Rio de Janeiro, principalmente nos arredores de Nova Friburgo, no início dos anos 90. Apesar de algumas hipóteses indicarem que a dupla possa ter cometido cerca de 22 homicídios, apenas 8 mortes foram oficialmente atribuídas aos irmãos.

Após os crimes, eles faziam sexo com os cadáveres e mutilavam seus órgãos genitais. Uma grande operação policial foi montada na região entre Nova Friburgo, Bom Jardim e Sumidouro. A captura da dupla, porém, demorou mais do que esperado e as buscas continuaram por cerca de quatro meses. Nesse período, eles continuaram a cometer crimes, o último sendo datado de novembro de 1995.

Em 16 dezembro de 1995, Ibrahim foi morto pelas forças de segurança. Seu irmão Henrique continuou foragido e só se entregou em 18 de junho de 1996. Em 2001, ele foi condenado a 34 anos de prisão.

Fernandinho Beira-Mar

Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi capturado após uma caçada que envolveu mais de 300 militares colombianos em uma área sob controle das Forças Revolucionárias Colombianas (Farc), na floresta do país. O traficante carioca foi preso em meio a uma região repleta de plantações de cocaína e laboratórios de refino da droga.

Na época, Fernandinho Beira-Mar, com 33 anos, era um dos líderes do Comando Vermelho (CV) e estava foragido desde 1997, quando escapou de uma prisão em Belo Horizonte. Por volta do ano 2000, ele teria se mudado para a Colômbia, onde ele teria buscado iniciar parcerias com as Farc em que trocaria armas por drogas, que seriam enviadas ao Rio de Janeiro.

As buscas pelo traficante começaram em fevereiro de 2001, quando sua mulher Jaqueline Alcântara de Morais e outros 15 suspeitos foram presos em uma região próxima onde as Farc operavam. O exército colombiano montou então um cerco para capturar o brasileiro. No dia 19 de abril, o avião monomotor em que voava o traficante foi interceptado pela força aérea do país e obrigado a pousar em uma base militar. O piloto, no entanto, desobedeceu as ordens e aterrissou o veículo em um descampado. Saindo de dentro da aeronave, quatro homens, entre eles Fernandinho Beira-Mar, escaparam para dentro da mata.

Uma operação com mais de 300 soldados foi montada para capturar o traficante. No dia seguinte, um sábado, helicópteros avistaram o local onde o criminoso tentava se esconder. Sem armas e comida, Fernandinho se entregou.

Battisti

Condenado na Itália por quatro homicídios, Cesare Battisti chegou ao Brasil após ter sido extraditado da França, durante o governo de Jacques Chirac, em 2004. Ele chegou ao país fazendo uso de uma identidade falsa e passou cerca de três anos vivendo na clandestinidade. Em 2007, acabou detido no Rio de Janeiro e ficou quatro anos preso.

Seguiu-se um período de idas e vindas na Justiça brasileira. Uma decisão do STF de extraditá-lo acabou rejeitada pelo presidente Lula, em 2009. Três anos depois, Battisti foi libertado e obteve residência permanente no Brasil. Em 2015, a 20ª Vara Federal do Distrito Federal determinou a sua deportação.
Battisti acabou detido dois anos depois em Corumbá, na fronteira com a Bolívia e passou quatro meses vivendo com uma tornozeleira eletrônica.

Em dezembro de 2018, o presidente Michel Temer autorizou a extradição de Battisti após o ministro do STF Luiz Fux determinar a prisão do italiano. Battisti, então, voltou a clandestinidade e tentou fugir novamente para a Bolívia, dessa vez com sucesso. Ele foi preso na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra no dia 12 de janeiro de 2019.

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