Em uma nova carta, Monique Medeiros
da Costa e Silva pede perdão ao engenheiro Leniel Borel
de Almeida, seu ex-marido e pai de seu filho, Henry Borel Medeiros, de 4 anos
. Em meia página, a professora afirma que “não sabia o que estava acontecendo” e garante que, se “pudesse voltar atrás”, faria “tudo novo” para ter o menino, morto na madrugada de 8 de março, de volta. Ela e o namorado, o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), estão presos temporariamente desde 8 de abril por suspeita de homicídio duplamente qualificado contra a criança
.
No bilhete , a professora menciona que o engenheiro foi casado com ela por oito anos e "sabia exatamente" a pessoa que ela era, a família de onde veio, os princípios que carrega e a “mãe dedicada” que foi para o filho. “Você, mais do que ninguém, sabe a mãe que sempre fui para o nosso Henry”, escreve.
Ela continua: "Se eu pudesse voltar atrás, fazer tudo novo, para tê-lo conosco, até no fundo da casa dos meus pais, tendo uma vida simples, mas com o sorriso dele iluminando todas as nossas manhãs, eu faria. Faria tudo diferente”, diz Monique.
A professora termina a carta pedindo perdão ao ex-marido, de quem se separou em meados do ano passado. “Me perdoe por não ter sido mais do que eu pude ser. Para você e para ele”. Ela assina a carta como “Nique”, como era chamada por Leniel.
A carta foi escrita no último dia 26 , quando a professora estava em uma cela isolada do Hospital Penitenciário Hamilton Agostinho, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, após ter sido diagnosticada com Covid-19 . Agora, ela está no Instituto Penal Ismael Sirieiro, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio.
Mudança de versão
Até ser presa, Monique sustentava a tese de que assistia televisão com Jairinho no quarto de hóspedes, em 8 de março, quando, por volta de 3h30, levantou e acordou o vereador, que foi ao banheiro. Ao se dirigir para o quarto do casal, ela teria encontrado Henry no chão , com mãos e pés gelados, olhos revirados e sem responder ao seu chamado. No depoimento prestado na 16ª DP (Barra da Tijuca), a professora diz ter gritado pelo vereador e eles foram para o Hospital Barra D’Or, onde o menino já chegou morto.
Questionada se havia lido o laudo de necropsia (que apontava hemorragia interna e laceração hepática, provocada por ação contundente, além de equimoses, hematomas, edemas e contusões), Monique afirmou acreditar que ele possa ter acordado, ficado em pé sobre a cama, se desequilibrado ou até tropeçado no encosto da poltrona e caído.
Em uma carta divulgada pelo Fantástico, da TV Globo, no entanto, a professora admitiu que essa fora uma “versão inventada” sobre o caso . A estratégia teria sido, segundo ela, a condição dada pelo advogado André França Barreto para defender o casal no inquérito que os investiga pelo crime.
Em nota, o advogado afirmou que a defesa “sempre pautou a sua atuação pela ética e pela técnica, jamais alterando a narrativa apresentada pelo casal, desde o início e de forma única”. “Adotamos, inclusive, a investigação defensiva, para verificar e dar visibilidade ao que o casal afirma”, informou o advogado.